Programa
24 de Outubro de 2019
08h30-09h30 | Registo
Salão Nobre
09h30-10h00 | Sessão de abertura
10h00-11h00 | Conferência Inaugural
Uma dúzia de anos a fazer Ciência Cidadã. Algumas lições aprendidas
Francisco Sanz |Fundación Ibercivis
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Será abordada a experiência da Fundação Ibercivis no desenvolvimento de projetos de Ciência Cidadã, bem como o seu papel no Observatório Espanhol de Ciência Cidadã. Também serão referidos os passos dados para o estabelecimento da Rede Espanhola de Ciência Cidadã, o seu futuro e possíveis sinergias com a Rede Portuguesa de Ciência Cidadã. Por fim, será apresentado um estudo que está a ser feito sobre produção científica baseada em projetos de ciência cidadã
11h00-11h30 | Pausa para café
Salão Nobre
11h30-13h00 | Mesa redonda
Moderação: Carlos Catalão
Panorama da Ciência Cidadã em Portugal
Ana Delicado (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), Cristina Luís (CIUHCT - Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, FCUL), Maria Fernanda Rollo (Instituto de História Contemporânea – NOVA FCSH), Paulo Gama Mota (CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto), Patrícia Tiago (Associação Biodiversidade Para Todos/ Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais), Pedro Russo (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden e Universidade de Leiden), Ricardo Mexia (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge)
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A partir de diferentes leituras disciplinares, a sessão procurará focar dimensões da ciência cidadã no contexto nacional: das práticas e reflexões em torno do tema aos pontos fortes e fracos no envolvimento dos cidadãos e cientistas.
13h00-14h30 | Almoço livre
Aula Maynense
14h30-16h00 | Comunicações Orais | C1
Moderação: Ana Delicado
Estamos a tirar o máximo proveito de BioBlitz? Protocolos de amostragem otimizados e padronizados para a ciência cidadã
Jagoba Malumbres-Olarte (Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais/Grupo da Biodiversidade dos Açores e Universidade dos Açores e Finnish Museum of Natural History, University of Helsinki), Sara Goodacre (University of Nottingham), Luis Crespo (Biodiversity Research Institute -IRBio, Department of Evolutionary Biology, Ecology and Environmental Sciences, University of Barcelona), Berta Caballero-López (Laboratory of Nature, Department of Arthropods, Natural Sciences Museum of Barcelona)
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Apesar da ciência cidadã ter um enorme potencial a nível de atividades (por exemplo, BioBlitz) em conservação e ecologia, a maior parte é geralmente limitada pela falta de: 1) comparabilidade das amostras devido à variabilidade no esforço de amostragem (número de participantes, tempo de amostragem, etc.)_ 2) dados quantitativos (abundância relativa de espécies)_ e 3) informação sobre a eficiência da amostragem. O projeto que apresentaremos, aborda essas três limitações, desenvolvendo protocolos de amostragem amplamente aplicáveis, padronizados e otimizados, denominados CEBRA “(Citizen-led Educational Biodiversity Rapid Assessment)”. Os protocolos CEBRA irão aumentar o número de dados gerados, facilitando as suas análises, e incentivando assim mais cientistas – muitos dos quais relutantes em participar – a contribuir para a recolha e identificação desses mesmos dados. O uso do CEBRA permitirá enriquecer as atividades cívico-científicas, não apenas superando as limitações atuais, mas também contribuindo para a literacia científica dos cidadãos. Além disso, permitirá aumentar a comparabilidade de dados entre diferentes locais e anos e a participação de uma rede cada vez maior de organizações, o CEBRA transformará os eventos de ciência cidadã em ferramentas para monitorizar a biodiversidade e não apenas para medi-la.
"Entre os Montes": notas reflexivas sobre a produção de um documentário colaborativo
Filipe Reis (CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia), Adérito Montes (CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia), Luís Porfírio (CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia), Filipe Ferraz (CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia)
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O documentário “Entre os Montes” conta a história de vida de Adérito Montes, cigano, mediador e aventureiro, que se cruza, de forma surpreendente, com a história recente do país, entre os anos 50 e a atualidade. É a história de uma viagem entre os montes do Alentejo, a emigração e as colinas de Lisboa, outrora ocupadas por barracas. O documentário foi produzido e realizado de forma colaborativa pelos seus protagonistas (Adérito e Antónia Montes) e uma equipa formada por antropólogos do CRIA. A comunicação organiza-se em dois tópicos: 1) apresentação, breve, do processo de pesquisa e de produção colaborativa que tornaram possível a realização do filme_2) reflexão acerca do seu potencial para comunicar, com públicos alargados, resultados de pesquisa colaborativa em torno de questões centrais a sociedade contemporânea: o racismo e os direitos e deveres de cidadania das minorias, no contexto de construção de sociedades inclusivas. A comunicação começará com a apresentação de um trailer do documentário (3 minutos) e a apresentação de comunicação oral em torno dos tópicos acima enunciados.
Atlas de Mamíferos de Portugal: um exemplo de contribuição pública na recolha de dados de biodiversidade
A. Márcia Barbosa (CIBIO/InBIO - Universidade do Porto), Helena Sabino-Marques (CIBIO/InBIO - Universidade do Porto), J. Tiago Marques (MED - Universidade de Évora), Francisco Álvares (CIBIO/InBIO - Universidade do Porto)
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O Atlas de Mamíferos de Portugal surgiu no âmbito de um projecto de investigação em biogeografia de vertebrados da Europa Ocidental, durante o qual se revelou necessário colmatar a ausência de uma fonte de dados de distribuição dos mamíferos no nosso país. O Atlas foi construído a partir de uma extensa busca, organização, depuração e cartografia dos registos de presença existentes. A primeira edição, publicada em 2017, reuniu perto de 57.000 registos de presença de mamíferos terrestres. Metade desses registos vieram de fontes bibliográficas (publicações, teses ou relatórios técnicos)_ os restantes 50% resultaram, em geral, da agregação de informação disponível em plataformas ciência cidadã (como o Biodiversity4All e o iNaturalist) ou do envio directo de registos por pedido aos seus autores. Essa primeira edição do Atlas destinou-se sobretudo a divulgar o projecto, mostrar a sua importância e angariar contribuidores para uma edição posterior mais completa, nomeadamente com o estímulo à participação da sociedade civil através das redes sociais e do site do Atlas (https://atlas-mamiferos.uevora.pt). Com efeito, a segunda edição, publicada no final do projecto em 2019, mais do que duplicou o número total de registos de presença de mamíferos terrestres, incluindo perto de 58.000 novos registos. Destes, a grande maioria (85%) teve origem em fontes não bibliográficas nem institucionais, tendo sido enviada directamente por cidadãos, 10% dos quais não ligados à investigação científica. A contribuição da sociedade resultou, assim, numa melhoria da cobertura do Atlas, quer aumentando a área de distribuição conhecida de várias espécies, quer aumentando a densidade de registos em áreas anteriormente conhecidas. São discutidos os padrões de contribuição pública relativamente aos vários grupos taxonómicos de mamíferos, à região geográfica e à fiabilidade dos dados. Este projecto ilustra a importância que a ciência cidadã pode assumir na ampliação do conhecimento sobre a biodiversidade e o património natural, proporcionando uma quantidade significativa de informação e permitindo planear investigações futuras de forma mais rigorosa e eficiente.
Etnoteatro como modo colaborativo de fazer mundo numa prisão
Ricardo Seiça Salgado (CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia/Universidade de Coimbra)
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O etnoteatro é uma prática crítica e afetiva de fazer mundo que combina etnografia, conhecimento social e artes performativas. A participação de todos é horizontal e goza da qualidade das performances estéticas em fazer comum, com uma força que emana da troca entre investigador e participantes interlocutores, mais em colaboração ativa e consequente que simples reciprocidade. Enquanto metodologia baseada na arte, o objetivo do etnoteatro é investigar uma faceta particular da condição humana com o propósito de adaptar essas observações e conhecimento a uma performance estética. Torna-se uma dialogia performativa do encontro, uma ação reflexiva partilhada no terreno da investigação e expandem-se as possibilidades das técnicas de trabalho de campo quando as metodologias tradicionais são limitadas pela natureza do contexto da pesquisa, como facilmente acontece numa prisão. O etnoteatro, enquanto investigação-ação assegura o caminho para o contexto de análise com o qual queremos trabalhar, reconfigurando o enquadramento da prática da investigação, diversificando os papéis do investigador, o tipo de encontros com os interlocutores, os modos de recolha, a forma das entrevistas, o tipo de registo ou documentação possível. Recorremos como estudo de caso empírico a um projeto de etnoteatro feito num estabelecimento prisional onde se procura perceber como os reclusos se relacionam e agem em relação às condições humanas problemáticas que vivem. O projeto visa reconhecer os mecanismos de resistência e controlo subjacentes a esses problemas, matéria que usa para compor um espetáculo teatral. São os próprios interlocutores que, pela sua colaboração na construção da dramaturgia da peça teatral, informam e esclarecem o que está por detrás das construções identitárias que os constituem enquanto reclusos, desmistificando ideias pré-concebidas e esclarecendo que nem tudo o que parece ser na realidade das suas relações corresponde ao que acontece na sua vida na prisão. Por isso, são os próprios interlocutores a contribuirem para a construção do conhecimento que se vê retratado na peça de teatro realizada.
Invasoras.pt - plataforma e desafios de ciência-cidadã. Será que conseguimos passar a barreira dos “convertidos”?
Elizabete Marchante (Centre for Functional Ecology - Science for People & the Planet, Universidade de Coimbra), Maria Cristina Morais (CITAB - Centro de Investigação e Tecnologias Agro-ambientais e Biológicas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Departamento de Biologia e Ambiente), Jael Palhas/Francisco Alejandro López Núñez (Centre for Functional Ecology - Science for People & the Planet, Universidade de Coimbra), Liliana Duarte / Hélia Marchante (Centre for Functional Ecology - Science for People & the Planet, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Coimbra
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As invasões biológicas são uma das maiores ameaças à biodiversidade e promovem prejuízos elevados a nível económico. A Meta 15.8 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pretende até 2020 introduzir medidas para impedir a introdução e reduzir significativamente o impacte das espécies exóticas invasoras nos ecossistemas terrestres e aquáticos e controlar ou erradicar as espécies prioritárias. Para tal, a participação dos cidadãos é essencial, uma vez que são vetores de introdução e disseminação de espécies invasoras e, por outro lado, podem desempenhar um papel importante na prevenção e controlo destas espécies. Ainda assim, e apesar de as espécies invasoras serem reconhecidas como tal pela legislação Portuguesa desde 1999, uma grande parte da população desconhece esta problemática. De forma a aumentar a sensibilização e conhecimento dos cidadãos, temo-nos dedicado a comunicar as invasões biológicas por plantas a diferentes públicos. Além de tentar sensibilizar os cidadãos sobre prevenção e controlo das plantas invasoras, tentamos envolve-los em projectos de ciência-cidadã. Em 2013 foi criada uma plataforma de ciência-cidadã para mapeamento de plantas invasoras em Portugal, incluindo uma App para smartphone e Web. Esta plataforma é apoiada pelo portal web invasoras.pt, com informação sobre plantas invasoras, e por um guia de identificação de plantas invasoras_ e promovida em 1) campos de trabalho científico sobre controlo de plantas invasoras para alunos do Ensino Superior e profissionais_ 2) ações de controlo de plantas invasoras com voluntários_ 3) formações para professores e profissionais que lidam com plantas exóticas e invasoras_ 4) workshops e palestras para públicos-alvo variados. Em 2018, lançámos 4 desafios, em que equipas ou cidadãos individuais se podem inscrever e participar em atividades de ciência-cidadã com espécies invasoras. Mas será que estamos a conseguir sensibilizar e envolver públicos diferentes? Serão apresentados e discutidos resultados das várias abordagens. No geral, a sensibilização do público sobre espécies invasoras tem aumentado ao longo do tempo, mas é necessário muito mais trabalho para chegar a públicos não sensibilizados para o tema, de forma a ultrapassar a barreira dos “convertidos”.
Sala da Capela
14h30-16h00 | Comunicações Orais | C2
Moderação: Inês Castaño
O BioDiversity4All como observatório da biodiversidade nacional
Patrícia Tiago (Associação Biodiversidade Para Todos/Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais)
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Em 2010 foi criado o projeto de ciência cidadã, BioDiversity4All. Em nove anos o projeto foi evoluindo e passou cada vez mais a ser uma plataforma de projetos de ciência cidadã na área da biodiversidade, criados por investigadores, naturalistas, comunidades locais, que usufruem, desta forma, de uma comunidade já criada e estabelecida. O crescimento desta comunidade ao longo dos anos tem sido fomentado pela realização de diferentes iniciativas desde a comunicação feita através das redes sociais, palestras, concursos e bioblitzes. Para perceber de que forma a plataforma BioDiversity4All tem contribuído para o aumento do conhecimento da biodiversidade nacional foi desenvolvida uma tese de doutoramento que pretendia: perceber as motivações intrínsecas dos cidadãos para participar em projetos de ciência cidadã, em Portugal; comparar o efeito das variáveis geográficas nas observações registadas na plataforma, para os diferentes grupos taxonómicos; perceber como bases de dados de ciência cidadã oportunistas podem ser fontes viáveis de dados para a modelação da distribuição de espécies. O reconhecimento das especificidades deste tipo de plataformas potencia a sua utilização como ferramenta científica e educativa.
“Pelos que andam sobre as águas do mar”: teatro e antropologia na relação com as comunidades piscatórias
Vanessa Iglésias Amorim (CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia/ISCTE)
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PELOS QUE ANDAM SOBRE AS ÁGUAS DO MAR é um espectáculo de teatro documentário que parte da obra literária de Raul Brandão “Os Pescadores” (1923) e vai ao encontro várias comunidades piscatórias nacionais na contemporaneidade. Este projecto foi construído com base numa pesquisa etnográfica e artística, que pôs em diálogo as palavras ficcionadas e historicamente situadas de Raul Brandão com a realidade social presente. O processo envolveu as pessoas resgatando suas histórias e memórias locais (que foram projectadas no espectáculo); valorizando o conhecimento local sobre a pesca (incorporado na dramaturgia, por exemplo, no que toca à identificação dos mares) e integrando coros femininos locais no elenco. Pretende-se com esta comunicação dar a conhecer o processo colaborativo que permitiu o efectivo envolvimento e participação das comunidades, reflectindo como a antropologia e o teatro poderão contribuir para a construção de um conhecimento mais plural, num cruzamento entre arte, ciência e conhecimento local.
Ciência e inovação: plataformas para o desenvolvimento de comunidades locais
Maria Inês Vicente (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden), Paulo Jorge Lourenço (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden), Ana Peso (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden), Ana Isabel Faustino (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden), José Varela (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden), Carlos Martins (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden), Filipe Pinto (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden), Pedro Russo (Plataforma de Ciência Aberta, Município de Figueira de Castelo Rodrigo – Universidade de Leiden e Universidade de Leiden)
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Inaugurada em 2017, a Plataforma de Ciência Aberta (PCA), um projeto de inovação social que aproxima a ciência, a tecnologia e a inovação do quotidiano das comunidades locais (parceria entre Município de Figueira de Castelo Rodrigo-MFCR e Universidade de Leiden-UL), funciona como uma plataforma para a cidadania científica, apoiando as comunidades com as ferramentas para participar em discussões e decisões que afetam a ciência e a política. Desta forma, a PCA tem vindo a trabalhar como agente facilitador, promovendo processos abertos e inclusivos nos quais grupos de cidadãos e agentes sociais (AS) colaboram para resolver problemas relevantes para a comunidade local. Mais especificamente, a PCA atua em três eixos complementares: - Desenvolvimento de estratégias de Escola Aberta em colaboração com a escola local Através da estratégia Escola Aberta, as escolas, em colaboração com diferentes AS, constituem agentes ativos para o desenvolvimento e bem-estar das comunidades, através da abordagem de problemas de relevância local, com impacto a nível global (p.e. alterações climáticas), potenciando a transmissão e co-criação de conhecimento científico. De destacar, a PCA colabora no desenvolvimento, implementação e avaliação do currículo da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, no contexto do projeto europeu Open Schools for Open Societies, onde alunos e professores constroem projetos colaborativos, desde a identificação dos temas-problema e discussão de possíveis soluções, até à implementação de um plano de ação, em conjunto com vários AS, e partilha com a comunidade local. - Organização de sessões e residências para discussão de problemas de relevância local, e para desenho e prototipagem de projetos de inovação social Estas sessões e residências (seguindo a metodologia de design-thinking) têm contribuído para a definição dos objetivos e prioridades do programa educativo da PCA, desenho de projetos específicos a desenvolver em contexto escolar, e desenho e prototipagem de projetos em colaboração com organizações locais (e.g., projeto com uma ONG local - ATNatureza -, para a construção de uma plataforma para promover a comunicação de conhecimento empírico e científico em reservas naturais) - Participação em projetos de ciência cidadã, com escolas, famílias e a comunidade local Em particular, a PCA tem colaborado com: a TAGIS-Centro de Conservação de Borboletas e com o CE3C-Universidade de Lisboa, na monitorização da biodiversidade de insetos na região, através da organização de bioblitz e partilha de dados na plataforma iNaturalist_ e com o projeto Invasoras, na monitorização e controlo de espécies invasoras na região.
Estações da Biodiversidade como infraestruturas de monitorização de insetos pelos cidadãos
Patrícia Garcia-Pereira (cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, FCUL/ Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal), Eva Monteiro (Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal), Albano Soares (Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal), Sandra Antunes (Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal), Rui Félix (Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal), Renata Santos (Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal)
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Está constituída uma rede com mais de 40 Estações da Biodiversidade (EBIO) distribuídas por Portugal Continental. As EBIO são percursos curtos com nove painéis informativos sobre espécies comuns a observar ao longo do caminho. Encontram-se em parques naturais, áreas da Rede Natura 2000 e zonas urbanas, sempre em locais com boas acessibilidades. O destaque da informação disponibilizada aos visitantes vai para o grupo dos insetos, que são os animais mais fáceis de observar, aqueles que têm maior diversidade específica, importância para o funcionamento dos ecossistemas terrestres, e simultaneamente para os quais existe menos informação. O principal objetivo do projeto é promover o registo de observações pelo público, pretendendo-se assim promover a colaboração dos cidadãos na monitorização da diversidade de insetos e consequentemente contribuir para a sua conservação. É pedido aos visitantes das EBIO que registem com fotografia os insetos observados nos seus passeios e introduzam os dados na plataforma Biodiversiry4all.org. Dez anos depois do início do projeto, faz-se o balanço dos resultados obtidos e apresentam-se propostas para aumentar a participação dos cidadãos no projeto.
Guerrilha antifascista e Arqueologia Pública: a guerra de Cambedo da Raia, 1946
Xurxo Ayán Vila (Instituto de História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa), Rui Gomes Coelho (Rutgers University, New Jersey, U.S.A.)
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Em 2018, iniciamos um projeto de arqueologia comunitária na vila fronteiriça de Cambedo da Raia, perto da cidade de Chaves. Esta comunidade camponesa acolheu guerrilheiros antifascistas galegos na década de 1940. Em dezembro de 1946, a cidade foi sitiada e bombardeada pela Guarda Nacional Republicana, pelo Exército e pela Guarda Civil Espanhola. Dezenas de vizinhos foram presos e sentenciados à prisão por colaborar com a resistência. Esses fatos deram origem a um passado traumático, desconfortável, hoje. Estes eventos de 1946 são parte do estabelecimento da soberania do estado-nação sobre uma região marginal do ponto de vista territorial, social e político. O trabalho que fizemos em Cambedo não está isolado no tempo e no espaço; pelo contrário, está conectado a questões políticas relevantes do presente. Entendemos que a arqueologia contemporânea não deve servir apenas para documentar cultura material e narrar a vida quotidiana de quem viveu no passado recente. Pelo contrário, deve ser assumida como uma ferramenta descolonizadora do espaço público. Em agosto de 2018, o projeto sobre a “guerra de Cambedo” envolveu uma componente de arqueologia pública com dois objetivos muito simples. Em primeiro lugar, a abertura permanente das escavações da casa de Albertina Tiago ao público; o portão da propriedade manteve-se sempre aberto durante a presença da equipa, que convidava os passantes a entrar. Em segundo lugar, no final da campanha de escavações foram promovidas duas discussões públicas dos resultados tendo em vista o envolvimento das comunidades locais no desenho da pesquisa e interpretação dos dados; estas iniciativas decorreram na sede da associação de Cambedo num Sábado à noite, e na sede da associação de Vilarelho da Raia no Domingo seguinte depois da missa. A sessão em Cambedo foi particularmente atendida, tanto pela vizinhança como por visitantes de Chaves e da Galiza. Apesar de já ser uma história relativamente bem conhecida na região, a “guerra de Cambedo” continua a suscitar atenção e curiosidade. Os mídia responderam à interpelação da equipa de arqueologia. Durante a campanha arqueológica, jornalistas portugueses e galegos acorreram a Cambedo para documentar os trabalhos e divulgar o inusitado: pela primeira vez em Portugal, uma equipa de arqueologia desenhou um projeto sobre eventos ocorridos nas vidas de seus pais e avós. A surpresa e o incómodo da descoberta pessoal de uma história violenta como a que se passou em Cambedo em 1946 são causados pelo desajustamento entre a narrativa hegemónica e a crueza das narrativas locais. De acordo com a narrativa hegemónica, a década de 1940 em Portugal foi um período de paz, apesar da escassez generalizada e das perseguições políticas. A paz de Salazar, contrastada pelos conflitos em Espanha e no resto da Europa, tem sido questionada pela historiografia; no entanto, permanece no espaço público como um dos mitos mais duradouros da ditadura. As narrativas locais, pelo contrário, revelam que nesses anos houve violência militar sobre civis e que a repressão policial esteve longe de se restringir a militantes políticos. O incómodo da descoberta desta história tão recente desdobra-se numa interrogação: que podemos aprender com os acontecimentos de Cambedo?
Educação e ciência cidadã no controlo da invasão do lagostim-vermelho-do-Louisiana em arrozais
Inês C. Rosa (CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro), Dorinda Rebelo (Agrupamento de Escolas de Estarreja), Joana Pereira (Departamento de Biologia & CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro), Sofia Guilherme (Departamento de Biologia & CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro)
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O lagostim-vermelho-do-Louisiana (Procambarus clarkii) é uma espécie invasora responsável por causar severos impactos, ecológicos e económicos, em vários locais da Europa, particularmente em arrozais. Deste modo, é urgente prevenir a expansão desta espécie para áreas ainda não invadidas e controlar as populações atualmente existentes para evitar a escalada de danos e custos. A aplicação de biocidas é o método que mais tem sido usado no controlo do lagostim mas, até agora, este tratamento tem sido ineficaz e com um efeito devastador em espécies não-alvo. Isto pode estar relacionado com o facto de, na maioria das vezes, as decisões serem tomadas com base na intuição e potenciado pela falta de diálogo entre os cientistas, decisores políticos e agricultores. A educação e ciência cidadã, usando a sociedade local de áreas suscetíveis ou já invadidas, poderá contribuir para um diálogo mais eficaz entre as partes. No presente trabalho, alunos do ensino Secundário (Agrupamento de Estarreja) com Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular foram ativamente envolvidos no estudo de dinâmica populacional do lagostim no Baixo Vouga Lagunar, zona de grande cultivo de arroz. Para além dos alunos serem responsáveis pela amostragem e caraterização mensal dos organismos (12 meses), o ecossistema local e o tema das invasões biológicas foram usados como modelo em várias disciplinas. Os dados científicos produzidos neste trabalho resultaram num artigo/poster premiados no concurso Jovens Cientistas 2019 e serão um passo inicial para o controlo do lagostim, contribuindo para otimizar o uso de pesticidas no controlo desta espécie. Para além disso, ao nível educacional, o trabalho desenvolvido potenciou o desenvolvimento de novas áreas de competência nos alunos e promoveu a realização de trabalho colaborativo (e.g. Escola-Universidade, Escola-Agricultores). O projeto revelou ter bastante sucesso, nomeadamente na sensibilização para a problemática das invasões, inicialmente dos alunos envolvidos, mas que, rapidamente, se expandiu à sua rede de ligações pessoais e agricultores com quem tiveram contacto (e.g. através trabalhos de grupo). Este trabalho constitui um bom exemplo de como a educação e ciência cidadã poderão contribuir para a sensibilização da sociedade para problemáticas ambientais de extrema relevância atual.
16h00-16h30 | Pausa para café
Aula Maynense
16h30-18h00 | Apresentação de Projetos | P1
Moderação: Elizabete Marchante
Clube Xzen - Educação para a Cultura, Ciência e Desenvolvimento Sustentável
Pedro Miguel de Castro Afonso Henriques (Associação Clube Xzen)
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A Associação Clube Xzen participa e contribui ativamente para a ciência através das suas várias atividades, mas também com contributos dos nossos sócios. No âmbito da Biologia, registamos todas as espécies de fauna e flora que detetamos. Posteriormente , ou elaboramos documentos técnicos com as espécies identificadas ou partilhamos os registos com outras instituições para enriquecimento do património faunístico e florístico do nosso país. De destacar, o registo de uma borboleta, a Hyponophele lupinus, espécie que não era registada há mais de 40 anos em Portugal, o registo de uma nova espécie de mosca para Portugal, a Conops ceriaformis e um 2º registo para o nosso país de um Sirfídeo, a Milesia semiluctifera. Como exemplo, fica a referência de um documento com o registo de 106 espécies de insetos no ano passado resultante de uma sessão noturna realizada Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Olhão (RIAS) em pleno Parque Natural da Ria Formosa.
Da Índia a Portugal. Complexidades de um património migrante
Inês Lourenço (CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia - ISCTE)
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Os museus podem funcionar como zonas de encontro cultural e de reflexão para imigrantes e diásporas a partir do seu património, promovendo-se a participação das próprias comunidades no discurso sobre património. O projecto em curso consiste na construção de uma exposição que estará patente em 2020, no Museu Nacional de Etnologia, centrada na diversidade das diásporas de origem indiana em Portugal. Este permitirá reflectir sobre a fluidez das fronteiras nacionais e culturais e sobre a complexidade dos processos identitários das sociedades contemporâneas, fazendo uso dos museus como espaços privilegiados de diversidade e de inclusão. As comunidades de origem Indiana presentes em Portugal constituem um universo complexo e profundamente diversificado. A investigação etnográfica e a partilha do conhecimento podem contribuir para dar visibilidade pública destas populações e trazer luz sobre uma realidade que é vista pela sociedade envolvente como um grupo homogéneo. Neste âmbito, a participação dos indivíduos pertencentes a estes grupos na produção de um discurso científico é muito pertinente, e o estudo do seu património migrante permitirá, por um lado, enfatizar a heterogeneidade do grupo e das suas expressões culturais e, por outro, dar voz aos próprios envolvidos nestes processos de pluralidade de identidades, de continuidades e de cruzamentos culturais. Determinados grupos, particularmente aqueles mais recentemente estabelecidos no nosso país, apresentam dificuldades de integração social, visíveis pela pouca fluência da língua portuguesa ou nos entraves ao acesso à saúde e o mercado de trabalho. Dar visibilidade às diferentes diásporas indianas que compõem a sociedade portuguesa permitirá também compreender processos de estigmatização que dificultam a integração. Este projecto, em curso, conta com metodologias colaborativas, encontrando-se os indivíduos e as comunidades a que pertencem directamente envolvidos em todo o processo de produção de conhecimento, desde a sua génese (empréstimo de objectos pessoais e comunitários, participação em entrevistas, vídeos e fotografias), construindo consequentemente a narrativa da própria exposição através das suas escolhas. A sua participação será visível no produto final, a exposição, sendo que esta resulta das suas próprias percepções e representações que enformaram o seu roteiro, bem como na participação directa e dinâmica através de workshops, performances e conferências em que estes estarão envolvidos e que serão parte integrante da referida exposição.
Cartas da Natureza: resgatar dados biológicos históricos através da ciência cidadã
António Carmo Gouveia (Cátedra UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável)
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Lançado oficialmente no dia 17 de abril de 2019, o projeto "Cartas da Natureza/Plant Letters" é o primeiro projeto português no Zooniverse, a maior e mais participada plataforma global de ciência cidadã. O projeto pode ser acedido em: www.zooniverse.org/projects/catedraunesco/plant-letters. Tem por principal objetivo a transcrição participativa de documentos das coleções e arquivos de história natural da Universidade de Coimbra. Muita da informação e dados biológicos contidos nestes documentos históricos dizem respeito não só à biodiversidade do território nacional, mas também a muitos outros países com relações históricas com Portugal, principalmente da CPLP. Assim, a disponibilização e divulgação desta informação será útil nos esforços atuais desses países na definição de estratégias de conservação. Este tipo de investigação, com um grande volume de informação relevante para várias áreas do conhecimento, é assim facilitado a partir destas plataformas colaborativas, reforçando também o compromisso da Universidade de Coimbra com a ciência aberta.
Um mergulho na História
Alexandre Monteiro (Instituto de Arqueologia e Paleociências - NOVA FCSH)
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O projecto "Um mergulho na História" é formado por uma coligação de arqueólogos subaquáticos, historiadores, engenheiros, biólogos, estudantes e voluntários, com vasta experiência na detecção, escavação e divulgação de naufrágios históricos, reunidos no intuito de desenvolver ciência sobre o património cultural subaquático. Descentralizado e protocolado com 3 autarquias do Alentejo Litoral, alicerçando-se no voluntariado e na disseminação científica, o "Um Mergulho na História" foi um dos vencedores do concurso de Orçamento Participativo de Portugal de 2018, tendo angariado 300 mil euros para a sua execução.
Cultura material, cultura científica: património industrial para o futuro
Graça Filipe (Ecomuseu Municipal do Seixal; Instituto de História Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa), Isabel Tissot (LIBPhys, Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa), Marta Manso (LIBPhys, Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa)
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O projeto IH4Future considera a Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços, um conjunto de património industrial, classificado como Monumento de Interesse Público, em processo de salvaguarda e musealização. Este património preservado in-situ inclui edifícios e equipamentos, testemunhos materiais da história da indústria e da tecnologia e fontes tangíveis de evidências do desenvolvimento técnico. A este património associa-se a transmissão de memórias e de saber fazer provenientes do contexto industrial. O processo de preservação iniciou-se ainda com a Fábrica em funcionamento. Nessa altura vários trabalhadores colaboraram no processo de musealização e o seu contributo foi essencial para potenciar o conhecimento do espaço e do saber fazer. Actualmente, pretende-se ir um pouco mais além neste processo, questionando o futuro e as formas sustentáveis para preservar o espaço e os objectos, contando com todos os que estão e estiveram ligados à fábrica. Assim, com o projecto IH4Future, pretendemos sensibilizar para a importância do património industrial e a urgência da sua preservação sob uma visão de sustentabilidade. Como estamos cientes que esta só é possível trabalhando de forma interdisciplinar, formou-se uma equipa com especialistas nas áreas de história, museologia, conservação e restauro, física, química e materiais. A aplicação das propostas resultantes do projecto será efectuada com a participação activa dos cidadãos, cuja colaboração é fundamental para, entre outras, questionar a sua exequibilidade e practibilidade. A salvaguarda da Fábrica contribuirá para a valorização da cultura científica e tecnológica, para a educação para o património, bem como para a promoção do desenvolvimento local.
Coastwatch
Teresa Lemos (GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente)
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O Projeto Coastwatch é um projeto europeu, desenvolvido inicialmente na Irlanda em 1988, que tem como objetivo recolher informação de base sobre a zona costeira. É um projeto de educação ambiental e ciência cidadã, que recorre ao auxílio de voluntários não cientistas para a recolha dos dados. Usando um questionário padrão, os voluntários do projeto Coastwatch, em inúmeros países da Europa, recolhem informação sobre a dinâmica costeira, fauna e flora, e lixo marinho, entre outras componentes da costa, nas zonas costeiras dos países envolvidos no projeto. Para a realização das amostragens do projeto Coastwatch, a zona costeira é dividida em áreas de 5 quilómetros, e estas áreas são posteriormente divididas em em zonas de 500 metros. Os voluntários do projeto Coastwatch escolhem uma ou mais áreas para realizarem a amostragem, fazendo o registo no nosso site, onde podem também fazer o download do questionário usado na amostragem. Após a visita ao local e o preenchimento do questionário por parte do voluntários, os dados são enviados para os responsáveis do projeto e devidamente analisados. Todos os anos, é realizado o Seminário Nacional Coastwatch, onde são apresentados os resultados da campanha desse ano e divulgados os trabalhos realizados no âmbito do projeto. O projeto Coastwatch funciona há 29 anos em Portugal, sendo um dos mais antigos projetos de ciência cidadã em Portugal. O GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente coordena o projeto Coastwatch desde o seu início em Portugal, em conjunto com várias escolas, autarquias e entidades locais.
ATLAS @ Xisto
Domingos Barbosa (IT - Instituto de Telecomunicações), Miguel Bergano (IT - Instituto de Telecomunicações)
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A Radioastronomia mudou a nossa visão do Universo e aumentou de forma dramática o nosso conhecimento sobre a fauna cósmica. Portugal aderiu como Membro Fundador do Observatório SKA, colocando a radioastronomia nas prioridades cientificas nacionais. Neste contexto, o ENGAGE SKA/IT instala o ATLAS, um novo radiotelescópio de 5 metros numa estrutura aberta “multiuso e multicaso científico”, com capacidade para observação do nossa Galáxia, deteção de lixo espacial ou comunicações lunares, usando a Lua como refletor. É esperado que o ATLAS esteja em funções em Novembro de 2019, seguindo-se um período experimental de comissionamento. Os primeiros testes e com calendarização para acesso aberto seguir-se-ão até fins de 2019. O ATLAS, no topo da Serra do Açor, na Pampilhosa da Serra, sondará o Espaço num comprimento de onda correspondente de 21cm (ou 1.4GHz. Proporcionará um excelente acesso cósmico ao mundo da educação (escolas, universidades, museus de ciência, organizações de ciência amadora) e ao panorama cientifico nacional (institutos de investigação, agências espaciais) com tecnologia profissional. O conceito – similar a outros sensores astronómicos com janelas de acesso aberto – coloca novos públicos num contexto de ciência real. A estação de radioastronomia da Pampilhosa da Serra tem desde 2019 possibilidade de acesso remoto via internet, permitindo a abertura de oportunidades de exploração do Espaço profundo em ondas rádio de forma intuitiva por cientistas e cidadãos de todas as idades e agremiações interessadas. O ATLAS providenciará uma plataforma de observação, no contexto do Programa Dark SKY @ Xisto, como parte da vertente educacional da Infraestrutura de Investigação ENGAGE SKA. O ATLAS oferecerá recursos educacionais multimédia que serão acessíveis sem custos via plataforma web do ENGAGE SKA: terá materiais educacionais que podem ser transferidos; um sistema de calendarização de atividades acessível a salas de aula, a quem quiser utilizar o telescópio no período aberto e também em atividades concertadas de observação astronómicas no âmbito de pacotes de turismo sustentável através da rede de Aldeias do Xisto, da Pampilhosa da Serra e do seu programa Dark SKY (recente reconhecido como tal pela Starlight Foundation).
i9Kiwi – o papel determinante da ciência cidadã na amostragem da diversidade de insetos em pomares de kiwi
Hugo Gaspar (Centro de Ecologia Funcional - Universidade de Coimbra), Joana Costa (Centro de Ecologia Funcional - Universidade de Coimbra)
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O grupo operacional i9Kiwi tem como mote a sustentabilidade da fileira do Kiwi em Portugal, e o Centre for Functional Ecology – Science for People & the Planet da Universidade de Coimbra, enquanto parceiro, está a realizar duas ações com uma forte componente de ciência cidadã direcionadas 1) ao estudo de diversidade e abundância de insetos presentes nos pomares de kiwi e 2) à prospeção de uma praga que ameaça estabelecer-se em Portugal, o Percevejo Asiático (Halyomorpha halys). Ação 1. Depende em grande parte da participação ativa dos produtores e técnicos de campo na amostragem dos pomares de kiwi, independentemente do seu contexto de formação. Estes realizam, mensalmente e durante um ano, a montagem de armadilhas, recolha de amostras e seu envio aos responsáveis no projeto para posterior identificação dos insetos. Esta abordagem exigiu uma comunicação inicial de proximidade para divulgação do projeto, exemplificação do protocolo de amostragem e interações periódicas de incentivo à participação. O envolvimento ativo de atores que não são regularmente considerados no trabalho científico, permitirá obter resultados científicos numa escala nacional e temporal que de outra forma seria difícil de obter. Ação 2. Conta com uma campanha de divulgação através de comunicações orais junto dos produtores agrícolas, da produção de conteúdos e das redes sociais com um constante incentivo à participação informada de todos os cidadãos na sua deteção. Esta praga ainda não se encontra estabelecida em Portugal, mas a campanha produz já os seus efeitos através da recente interceção num pomar de um participante no projeto. Na rede social Facebook criou-se um grupo aberto de sensibilização para a problemática, e conjuntamente com outras plataformas (Instagram e Twitter), tem-se procurado publicar informações regulares (campanha “Sabia Que?”) dirigidas ao público em geral. Os resultados preliminares mostram-se encorajadores, principalmente em relação à primeira ação, assim como num interesse crescente sobre a problemática abordada na ação 2.
MicroSaurus: Collecting microvertebrates of the Jurassic of Portugal: a citizen science project
Miguel Moreno Azanza (GeoBIoTec - Departamento de Ciências da Terra, FCT/UNL e Museu de Lourinhã)
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Microvertebrate fossils are small (less than 5 cm) fossilized remains of both big and small vertebrates that lived in the past. Portugal is worldwide known due to the world famous locality of Guimarota, but since the late 1980s studies on microvertebrates in Portugal have been almost restricted to revisions of the Guimarota materials. The main cause of this lack of studies is the time-consuming process to process and identify microvertebrate samples. In conclusion, the richness and potential for new discoveries with scientific and heritage value is there, but requires large amounts of time, out of the reach of most teams and institutions. Profiting the synergies between the Museu de Lourinhã and the Dinoparque Lourinhã, where professionals instruct and supervise palaeontological duties, and the expertise of NOVA school of Science and Technology, we will conduct a one-year long Citizen Science Project to help in the picking, shorting and identification of the microvertebrate assemblages of Portugal. Our project will be developed in three parts: first, we will produce an identification guide for the microvertebrate fossils of Portugal, together with promotional items, that will be used by the contributing citizens in their labours. Them, during an 8-month period, a picking workshop will be conducted in at least three scenarios: Dinoparque Lourinhã, Museu de Lourinhã and NOVA school of Science and Technology. This activity will include guided picking and formative courses for the citizens involved and will be open for ages 10 and over. Last, all the specimens collected will be revised and provisory identified and prepared for housing in the Museu de Lourinhã.
RiverCure: Curar e assimilar dados autorizados e obtidos por crowdsourcing para reduzir a incerteza na modelação de escoamentos fluviais
Rui M.L. Ferreira (CERIS - IST/UL)
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O projeto RiverCure aborda o problema de reduzir a incerteza e de melhorar as capacidades de previsão baseada em modelos matemáticos hidrodinâmicos e morfodinâmicos com aplicação a inundações, à gestão de recursos hídricos e à proteção de habitats. Beneficiando dos avanços recentes no processamento de dados obtidos por crowdsourcing compartilhados em sites na internet e redes sociais, o RiverCure contribuirá para melhorar as capacidades de previsão em tempo real, particularmente relevantes no caso de inundações urbanas. Propomos uma combinação de calibração e técnicas de Assimilação de Dados (AD), para as quais são necessários dados históricos e em tempo real. Acreditamos que os cidadãos estão dispostos a participar, nos temos dos princípios propostos pela European Citizen Science Association, tendo expectativas de interagir e aprender sobre as ferramentas utilizadas nos processos de tomada de decisão, nomeadamente o mapeamento do risco de cheias ou a avaliação da qualidade da água. Os dados obtidos por crowdsourcing aumentam a cobertura espacial e temporal da informação quanto a cheias e podem desencadear uma mudança de paradigma de modelação matemática de rios. Não existe, no entanto, uma abordagem sistemática para melhorar a fiabilidade desses modelos. Adotar-se-á uma metodologia cuidadosa e conservadora que inclui investigação laboratorial sob condições controladas, seleção de dados autorizados do sistema SNIRH da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), prospeção de dados em redes sociais e a criação de um Observatório de Ciência Cidadã para recolher dados complementares. A equipa do projeto inclui investigadores de duas unidades de investigação do Instituto Superior Técnico, o CERIS e o INESC-ID, e da APA, que é o potencial utilizador final das ferramentas de simulação resultantes do projeto. Estabelecemos um protocolo com a câmara municipal de Montemor-o-Novo com o objetivo de construir o Observatório de Ciência Cidadã neste município, na margem do rio Almançor, para a recolha de dados hidrométricos suscetíveis de serem assimilados em ferramentas de modelação hidrodinâmica de rios.
Laboratórios de Cidadania
Heitor Alvelos (ID+/Universidade do Porto)
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Os “Citizen Labs”, Laboratórios de Cidadania, foram criados em 2011 como actividade central do medialab FuturePlaces, no âmbito do Programa UTAustin-Portugal para os media digitais. Com uma duração média de 3 a 6 horas, caracterizam-se por uma enorme diversidade de áreas, um envolvimento horizontal dos participantes, e uma vocação para a acção e produção tangíveis e imediatas. São ainda hoje oferecidos como acções de formação gratuitas, abertas a todos os cidadãos, independentemente da sua formação. Os participantes são de proveniências extremamente diversas do tecido social, frequentemente encontrando pela primeira vez uma instância de convivência e propósito partilhado: chamamos-lhes “encontros improváveis”. O modelo de base é a reciprocidade: os coordenadores são na maioria estudantes ou investigadores, os quais coordenam os workshops pro bono_ a par da capacitação dos participantes, o retorno para os coordenadores/investigadores é a obtenção de estudos de caso e redes de contacto passíveis de integração na sua investigação em curso.
Sala da Capela
16h30-18h30 | Apresentação de Posters | PO1
Moderação: Ana Alves Pereira, Cristina Luís
Gripenet: Resultados da época 2018/19 - A Gripe na ponta dos seus dedos
Ricardo Mexia (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge), Verónica Gomez (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge)
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A ideia de monitorizar a epidemia sazonal de gripe, utilizando a Internet e com base na participação voluntária dos cidadãos, nasceu na Holanda, em 2003. Tornou-se rapidamente num caso de sucesso de comunicação de ciência e de promoção da saúde, tendo sido encetada uma colaboração internacional que veio dar lugar, em 2005, ao Gripenet português. Foi na altura desenvolvido por investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência e desde 2015 é suportado pelo INSA- Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. O Gripenet integra o Influenzanet - um consórcio europeu de monitorização da gripe através da Internet. Esta plataforma de ciência cidadã é uma ferramenta de vigilância participativa, acompanhando a actividade de síndrome gripal, de Outubro a Maio. A plataforma assenta em questionários on-line, em que qualquer cidadão residente em Portugal pode contribuir para a monitorização da epidemia sazonal. Após o registo no no site, os participantes recebem semanalmente uma newsletter com notícias sobre a gripe e são convidados a preencher, em alguns segundos, um pequeno questionário sobre os sintomas gripais (ou ausência deles) durante a semana anterior. A recolha destes dados tem por objectivo monitorizar, em tempo real, a evolução da epidemia na comunidade, contribuindo de forma complementar para os outros sistemas de vigilância da gripe mantidos pelo INSA. Devido às suas características, o sistema Gripenet possibilita uma detecção precoce de eventuais desvios no padrão epidemiológico do ponto de vista comunitário, com uma assinalável economia de recursos. Está ainda a ser finalizado o relatório da época de 2018/2019, sendo a ideia apresentar os seus resultados finais sob a forma de comunicação oral.
NaturEscola, um projecto piloto de georeferenciação na Rede Natura 2000
Sónia Cardoso (Museu Virtual da Biodiversidade, Universidade de Évora), David Germano (Museu Virtual da Biodiversidade, Universidade de Évora), Jorge Araújo (Museu Virtual da Biodiversidade, Universidade de Évora)
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Através do projeto “NaturEscola”, o Museu Virtual da Biodiversidade da Universidade de Évora, serviço público online de âmbito nacional, pretende fomentar nas novas gerações a literacia relativa aos seres vivos com quem o ser humano partilha a teia da vida, recorrendo à divulgação dos ecossistemas naturais e da biodiversidade dos locais que compõem a Rede Natura 2000. Para tal, em parceria com o Delegação Regional do Alentejo da Liga para a Proteção da Natureza (DRA-LPN), e envolvendo as Associações Ambientais e Escolas locais, pretende-se realizar uma série de ações pedagógicas e atividades teórico-práticas na galeria ribeirinha do rio Xévora e planícies adjacentes, na Zona de Proteção Especial para as Aves (ZPE) de Campo Maior, com vista à identificação e georreferenciação das espécies e dos habitats que a constituem e que dela usufruem. Tomando como ponto de partida as comunidades escolares locais da área-piloto, entendemos que o público-alvo deverá abranger todos os alunos do 2º ciclo do Ensino Básico, que correspondem a uma faixa etária entre os 10 e os 12 anos de idade (aproximadamente). Tais iniciativas serão planeadas e organizadas de modo a que possam ser replicadas em qualquer um dos sítios nacionais integrantes da Rede Natura 2000 e adaptadas a outros graus de escolaridade do ensino público. Através do ensino e demonstração de diferentes métodos e técnicas de monitorização dos habitats e da biodiversidade pretendemos: a)enraizar nas novas gerações o conceito de ciência-cidadã_ b)tirar o máximo proveito das tecnologias de comunicação e informação emergentes, com enfâse na georreferenciação por GPS aplicada em ortofotomapas disponíveis online, de modo a que constituam uma mais-valia para a divulgação e salvaguarda da biodiversidade nacional e c) ensinar e treinar os mais jovens para a utilização de uma ferramenta multimédia a desenvolver, traduzida numa Aplicação Mobile (App) de georreferenciação da biodiversidade e dos habitats de Portugal, de acesso livre e de carácter educativo.
Comunicar com a sociedade civil sobre organismos gelatinosos: o caso do Gelavista
Inês M. Dias (Instituto Português do Mar e da Atmosfera - IPMA), L.F. de Sousa (IPMA), R. F. T. Pires (IPMA), A. dos Santos (IPMA)
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O GelAvista, programa de ciência cidadã do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, para a monitorização de organismos gelatinosos nas águas Portuguesas, encontra-se em funcionamento desde 2016. Pretende envolver a população no desenvolvimento da ciência, colmatando as lacunas de conhecimento acerca destes organismos em Portugal. Conta com a colaboração dos frequentadores da orla marítima para a recolha de informações como a presença/ausência de organismos gelatinosos em Portugal. São atualmente mais de 500 os observadores que colaboram com o GelAvista, contribuindo de forma ativa, como comprovam os 3500 registos recebidos. O sucesso do programa depende da constante comunicação entre os cientistas e os observadores e da gestão das plataformas de participação. O website e as redes sociais do GelAvista, disponibilizam diversos conteúdos, com o objetivo de favorecer e facilitar o contacto com o público, retribuindo a informação enviada pelos cidadãos. A estratégia de comunicação é a de criar proximidade, sendo que aquando da participação todos recebem uma resposta personalizada com informação adicional sobre a espécie avistada. O GelAvista valoriza desde o seu início os observadores mais frequentes e que enviam informação mais completa, atribuindo regularmente a distinção “Medusa d’Ouro”, de forma a reconhecer o seu empenho. A entrega desta distinção é feita no Encontro GelAvista, um evento de divulgação científica do programa, realizado anualmente, que junta os investigadores e os cidadãos com o objetivo de divulgar não só os resultados obtidos, mas também conhecimento adquirido sobre os organismos gelatinosos. Este trabalho irá sumarizar os resultados do GelAvista ao nível da comunicação e mostrar as tendências da sazonalidade de todas as espécies, identificadas pelo GelAvista, que ocorrem em Portugal.
Neuronautas: uma academia de novos exploradores do cérebro
Catarina Ramos (Fundação Champalimaud), Nuno Loureiro (Fundação Champalimaud), Rita Baptista (Fundação Champalimaud), Gonçalo Lopes (NeuroGEARS)
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Atualmente, são necessários vários anos de educação especializada, acesso a equipamento caro, financiamento dedicado e um ambiente de trabalho para treinar cientistas profissionais. Esta combinação acaba por impedir que o cidadão comum se possa tornar cientista sem que com isso comprometa as suas escolhas de carreira. É muito difícil fazer ciência como um hobby, sem acesso às ferramentas, ao conhecimento e à comunidade científica, que de certo modo possa guiar o processo desde a curiosidade até à resposta. A academia Neuronautas propõe-se capacitar jovens a seguirem a sua curiosidade, questionarem-se sobre o que lhes é familiar e a desafiarem o desconhecido. Em particular, desenvolvemos uma metodologia, com base na prática de Ciência Aberta, para treinar jovens a tornarem-se neurocientistas. Nesse sentido, combinámos: 1) ferramentas de código aberto e de baixo custo; 2) um currículo sem jargões que se concentra em criar representações precisas, porém acessíveis, sobre neurociência, e 3) uma comunidade que incentiva a curiosidade, a colaboração e a partilha de conhecimento. O ano piloto combinou sessões expositivas com práticas, onde jovens trabalharam com investigadores durante oito semanas no Centro Champalimaud, culminando numa semana ao ar livre, durante a qual exploraram as suas próprias perguntas, incluindo desenho experimental, recolha e análise de dados e apresentação de resultados. Esta academia faz parte da 1ªedição das Academias Gulbenkian do Conhecimento a Neuronautas e é alvo de monitorização e avaliação de impacto rigorosas. Com esta academia estamos a testar a hipótese de que jovens se possam tornar cientistas sem que com isso estreitem os seus interesses ou comprometam os seus futuros empregos. Ao capacitar jovens a formular perguntas científicas sobre o mundo que os rodeia, a Neuronautas pretende promover uma sociedade mais informada, capaz de recolher os seus próprios dados e tomar decisões coletivas sobre o mundo e sobre o seu futuro.
Uma década de políticas participativas municipais em Lisboa: caminho feito e novos desafios
Miguel Silva Graça (Gabinete do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
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A participação da/os cidadã/os é, hoje em dia, uma das questões centrais da qualidade da governação e um dos maiores desafios que se colocam ao poder local. Entre as várias cidades europeias que fizeram o seu caminho na última década, Lisboa é talvez um caso paradigmático. Foi a primeira capital europeia a implementar o Orçamento Participativo, em 2008, mas também uma cidade pioneira em muitos outros projectos. Podemos vê-lo, por exemplo, se olharmos para uma primeira fase de experiências neste campo (como as Reuniões de Câmara Descentralizadas [2007] ou o Programa Local de Habitação [2008], que realizaria o primeiro processo local de consulta pública não obrigatória); ou ainda para uma segunda fase de políticas locais que se concentrariam em processos de co-produção e co-reflexão (como o Programa BIP/ZIP–Bairros/Zonas de Intervenção Prioritária [2011] ou o Fórum para a Cidadania [2014]); ou, finalmente, uma terceira fase de políticas de participação pública orientadas para o público em geral (como o LisboaParticipa [2017], um portal que agrega todas as ferramentas de participação do município). O objectivo desta comunicação será assim olhar não só para o caminho feito, mas também para os novos desafios que se apresentam, num momento em que o efeito das alterações climáticas se torna cada vez mais evidente. Assim, no contexto proporcionado pela atribuição do galardão de Capital Verde Europeia 2020, que aumenta a responsabilidade e o compromisso de Lisboa em tornar-se numa cidade mais sustentável, olharemos para três projectos nos quais o envolvimento das/os cidadã/os será essencial tanto ao nível da participação directa, como da própria produção de conhecimento: um processo de recolha de ideias e contributos para o Lisboa Capital Verde Europeia 2020, assim como a organização de um Orçamento Participativo Escolar “Verde” com alunos do 2º e 3º ciclo das escolas de Lisboa e ainda da 12ª edição do Orçamento Participativo, dedicado exclusivamente a propostas que contribuam para uma cidade mais sustentável, resiliente e amiga do ambiente.
Projeto A Minha Praia: a ciência cidadã enquanto promotora do civismo ambiental e conservação da Natureza
Licínia Gouveia (Centro Ciência Viva de Tavira), Carla Lourenço (Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica), João Afonso (Centro Ciência Viva de Tavira), Ana Ramos (Centro Ciência Viva de Tavira)
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À escala mundial, a conjugação das atividades humanas com o rápido incremento da população e os sucessivos avanços tecnológicos exercem uma crescente pressão sobre os ambientes marinhos. Atualmente, o lixo marinho é uma das maiores ameaças à vitalidade do Oceano Global: leva à destruição de habitats, à mortalidade de várias espécies, a efeitos adversos na nossa saúde e à quebra geral da produtividade económica providenciada pelo mar. Foi tendo em conta a magnitude e as consequências do lixo marinho e a exposição que o Algarve tem ao problema, que o Centro Ciência Viva de Tavira desenvolveu entre Agosto de 2018 e Julho de 2019, o Projeto A Minha Praia: um projeto de monitorização ambiental, de sensibilização para a conservação do meio marinho e promoção de hábitos de consumo sustentáveis através de ações de civismo ambiental e de ciência cidadã. Sendo um dos vencedores da primeira edição do Orçamento Participativo Portugal (2017), a sua execução foi garantida pela colaboração entre os três Centros Ciência Viva (CCVs) da região, com o envolvimento de várias entidades regionais e nacionais. Com este projeto, criou-se uma rede de monitorização do lixo marinho em seis praias do Algarve, na qual o público escolar da região realizou ações periódicas de sensibilização para esta problemática, sua origem e alcance, bem como a catalogação e recolha do lixo existente. Este foi triado e classificado de acordo com a metodologia OSPAR, produzindo informação para a Agência Portuguesa do Ambiente, a entidade responsável pela monitorização do lixo marinho em Portugal. O Projeto A Minha Praia também apresenta uma vertente técnica e educativa, já que nos CCVs demonstramos que o plástico (o maior componente do lixo marinho), deve ser encarado como uma matéria-prima a ser aproveitada, reciclada e transformada em novos objetos de carácter prático ou artístico, que prolongam a sua vida útil.
Facebook, um recurso digital intergeracional?
João Paulo Pinto (Le@D - Laboratório de Educação a Distância e E-Learning - Universidade Aberta), Teresa Margarida Loureiro Cardoso (Universidade Aberta
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A revolução digital impulsionou o paradigma da sociedade em rede, mediada pela tecnologia, com impacto nos estilos de vida, mais virtuais e online, estimulando novas formas de aprendizagem. Tal está, progressivamente, a transformar as instituições e os processos educacionais. Por isso, ao considerarmos que a relação entre as redes sociais online e a educação em geral é inevitável, também convocamos para esta equação a intergeracionalidade. Atualmente o Facebook tornou-se um gigantesco e global palco virtual, onde se promovem comportamentos e novas possibilidades de interação, configurando-se como recurso significativo para o processo de ensino e aprendizagem; simultaneamente, também se tornou um catalisador de práticas e experiências educativas. São exemplos destas potencialidades a sua co-construção, partilha e discussão/reflexão mediada pela tecnologia digital, sem que os participantes se conheçam fisicamente, nem tenham em consideração a sua identidade. Ou seja, o contexto geracional pode não ser o denominador comum. Refletido sobre esta temática e inspirando-nos no projeto REviver na Rede (http://revivernarede.blogspot.com/), enquadrado nos movimentos da educação aberta e ao longo da vida, temos vindo a sustentar que as redes sociais, designadamente Facebook, são ferramentas válidas para promover aprendizagens informais ao longo da vida, quer em contextos de requalificação como de desenvolvimento pessoal, maioritariamente porque possibilitam interações em rede. Observou-se que os indivíduos (desempregados), público-alvo daquele projeto, no qual participaram, tal como a comunidade local, foram assumindo o papel de produtores de conhecimento, nomeadamente para a procura ativa de emprego e melhoria da empregabilidade, em particular envolvendo-se na criação/divulgação de conteúdos, a par de cidadãos cientistas convidados. Assim, o Facebook tem vindo a emergir em contextos educacionais, assumindo várias valências – recurso educacional, online e multimédia; recurso de disseminação e (co)construção do conhecimento –, tornando-se numa ferramenta digital intergeracional importante, a considerar também no contexto da ciência aberta e da ciência cidadã.
Projeto NAU
Rui Ribeiro (FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia)
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A NAU, é a iniciativa nacional, liderada pela FCT, em parceria com a DGE, DGS, IEFP, INA e Secretaria Geral da Educação e Ciência, que tem como objetivo a construção e operação de uma plataforma para Ensino e Formação a Distância para Grandes Audiências em língua Portuguesa. Esta infraestrutura técnica e operacional permite a publicação e dinamização de cursos a distância para grandes grupos, normalmente designados por cursos MOOC 'Massive Open Online Course', orientados para as instituições da Administração Pública e Ensino Superior para veicularem formação aos respetivos colaboradores, utentes e sociedade em gral. O Projeto, que se iniciou em Outubro de 2017, desenvolveu toda a infraestrutura e serviços de suporte durante 2018, tendo os primeiros cursos sido disponibilizados em Janeiro de 2019. Contando já com mais de 30000 inscritos, 15000 certificados emitidos e mais de 20 instituições aderentes, a Plataforma NAU apresenta-se como uma solução para a formação ao longo da vida dos cidadãos. Os MOOCs podem ser uma ferramenta relevante para promover a ciência junto dos cidadãos de três formas distintas: • Introdução de Conhecimentos Genéricos (informação) • Aprofundamento de Conhecimentos Científicos (consciencialização) • Fazendo parte do processo científico (recolha de dados, discussão e apresentação de resultados) Dado as características massivas inerentes aos cursos desenvolvidos na NAU, a utilização de testes ou de atividades de avaliação automática com feedback imediato ao utilizador permitem a validação do conhecimento que se pretende divulgar junto dos destinatários (formandos). Estes mecanismos permitem a passagem de conhecimentos e conceitos genéricos a uma grande quantidade de utilizadores de forma “cost effective”. Num contexto de aprendizagem online, o aprofundamento do conhecimento e consciencialização da sua complexidade é realizado de forma mais eficaz num ambiente rico, interativo, com oportunidades de partilha e discussão entre pares. A NAU inclui mecanismos de comunicação e avaliação entre pares que permitem escalar o processo de consciencialização e veicular temáticas de maior complexidade. É possível criar espaços virtuais de aprendizagem (cursos) que visam um processo de introdução e consciencialização para um grande número de pessoas, permitindo aos promotores desses espaços mobilizarem essa comunidade para a recolha de dados, essenciais para a construção do conhecimento científico. Essa recolha de dados pode ocorrer dentro da plataforma (interações, respostas a testes/questionários, “story telling”), mas também apoiar-se na obtenção de dados do mundo real, através de recolhas de campo, fotografias ou medições “in situ”. Um exemplo do uso da NAU para ciência cidadã pode ser o cenário de recolha de dados sobre a orla marítima portuguesa. Tradicionalmente, o investigador, com recursos limitados, teria de cobrir toda a costa para fazer a recolha de dados ao longo do tempo. Usando um curso NAU, pode formar cidadãos para o problema de estudo (informação, consciencialização), dar as ferramentas necessárias aos participantes para fazer a recolha de dados de forma adequada (protocolos, classificações), solicitar as recolhas com submissão na plataforma (testes, partilhas de conteúdos em wiki), promover a discussão e procurar novas abordagens (fóruns de discussão), ao longo de períodos tão curtos ou alargados de tempo (semanas a meses) quanto desejar. A NAU disponibilizará em breve, no seu portefólio de cursos, cursos na área da gestão e tratamento de dados científicos, podendo receber outros cursos transversais à comunidade científica que poderão ser disponibilizados aos cidadãos, promovendo assim a prática científica junto da sociedade.
Avaliação do impacto de um projeto de ciência cidadã no conhecimento dos participantes acerca da Rede Natura 2000
Sofia da Silva Oliveira (CIIMAR - Centro de Investigação Marinha e Ambiental), Joana Pereira (Departamento de Biologia & CESAM - Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro), Paulo Santos (Faculdade de Ciências - Universidade do Porto & CIIMAR - Centro de Investigação Marinha e Ambiental), Ruth Pereira (Faculdade de Ciências - Universidade do Porto & GreenUPorto - Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável)
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A Rede Natura 2000 é a principal aposta da União Europeia para combater a perda de biodiversidade, que está a ocorrer a um ritmo preocupante. A Natura + é um projeto de ciência cidadã, que tem como missão divulgar a Rede Natura 2000 e a vida selvagem que esta alberga em Portugal, assim como recolher dados relevantes para a sua monitorização. Uma das atividades disponibilizadas por este projeto intitula-se “Este solo é de qualidade?”, que se foca na avaliação de vários parâmetros físico, químicos e biológicos de um dado solo para determinar a sua qualidade ecológica. Para avaliar o impacto desta atividade na consciencialização e no conhecimento dos participantes acerca da Rede Natura 2000 e do seu património natural foram aplicados pré e pós-testes. Até ao momento, foram recolhidas e analisadas 91 respostas. Os resultados mostram que, previamente, a maioria dos participantes (65,9%) nunca tinha ouvido falar da Rede Natura 2000. Após a frequência da atividade, 78 (85,7%) afirmaram que já ouviram falar desta rede e que sabem o que é, sendo que 79,5% destes conseguiram nomear três ou mais sítios portugueses que a integram. Adicionalmente, nos pré-testes, a maioria dos respondentes conseguiram identificar, no máximo, 1 ou 2 espécies que se encontram ameaçadas de extinção em Portugal (82,4%). Nos pós-testes, 74 inquiridos (92,3%) foram capazes de nomear corretamente mais espécies do que no pré-teste. Apesar da ainda curta amostra, estes resultados preliminares sugerem que a atividade de ciência cidadã preparada é eficaz na divulgação da Rede Natura 2000.
Recursos formativos do projeto FIT4RRI
Antónia Correia (Universidade do Minho), Pedro Príncipe (Universidade do Minho)
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O projecto FIT4RRI (Fostering improved training tools for responsible research & innovation) assenta no pressuposto de que a Investigação Responsável e Inovação e a Ciência Aberta poderiam ter um maior impacto na sociedade. Assim, os seus principais objetivos são promover o reforço das competências e aptidões em matéria de RRI e CA através da melhoria da oferta de formação disponível_ e criar diretrizes para incorporar institucionalmente os conceitos, práticas e abordagens da RRI e CA, constituindo a vertente de formação uma das maiores apostas do projeto. Como projeto parceiro, o FIT4RRI beneficia da infra-estrutura desenvolvida pelo projeto FOSTER, que atualmente reúne mais de 50.000 utilizadores registados, cerca de 1.400 recursos formativos, e 45 cursos online em regime de auto-aprendizagem ou moderados, de entre os quais destacamos o Open Science Toolkit que consiste de 10 cursos sobre as principais temáticas de Ciência Aberta, e visa ajudar os investigadores a colocar a ciência aberta em prática. A utilização da plataforma FOSTER (https://www.fosteropenscience.eu/fit4rri) traz vantagens consideráveis a nível da disseminação das atividades do projeto FIT4RRI, e irá ser usada uma abordagem semelhante à daquele projeto no desenvolvimento dos cursos online, disponibilização de recursos, sistema de recompensas (badges), caminhos de aprendizagem (learning paths), disseminação de eventos, e diretório de formadores em ciência Aberta e Investigação Responsável e Inovação. Inicialmente procedeu-se ao desenvolvimento de uma taxonomia que categoriza termos e conceitos, seguindo-se a recolha de materiais de formação respeitantes às suas temáticas. Neste momento, 5 instituições subsidiadas pelo projeto encontram-se a desenvolver cursos presenciais ou à distância no âmbito de temáticas de RRI. Adicionalmente, os parceiros do projeto encontram-se a desenvolver cursos online em regime de auto-aprendizagem, com recurso à ferramenta usada no Open Science Toolkit – Adapt authoring tool - que permite a criação de conteúdos interactivos e a sua posterior exportação e reutilização.
Projeto ECOCIDADANIA
Isabel Silva (GAF - Grupo Aprender em Festa)
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O Projeto ECOCIDADANIA, promovido pelo GAF- Grupo Aprender em Festa, no concelho de Gouveia, iniciou no mês de março e terá duração até fevereiro de 2021. Os objetivos principais são: capacitar crianças/jovens para a cidadania ativa, participação e intervenção, a nível local, em matéria do ambiente, biodiversidade e desenvolvimento sustentável; ampliar o conhecimento e envolvimento de crianças/jovens, educadores e comunidade na monitorização da biodiversidade local, numa perspetiva de Ciência Cidadã, através de práticas colaborativas; promover e fortalecer a consciência cívica e o ativismo ambiental, sensibilizando para os direitos ambientais e do desenvolvimento sustentável; potenciar parcerias e o diálogo entre ONG e entidades públicas. Pretende-se ainda envolver e mobilizar as famílias, comunidade em geral e entidades públicas e privadas para agir em prol da preservação do património natural do território. O projeto é financiado pelo Programa Cidadãos Ativ@s (EEA Grants-Islândia, Liechtenstein e Noruega, gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Bissaya Barreto). Os parceiros envolvidos são: o CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, o Agrupamento de Escolas de Gouveia, o Instituto de Gouveia - Escola Profissional, o Município de Gouveia e a Tøyen Unlimited, uma organização não governamental Norueguesa.
Programa de Monitorização de Odores Atmosféricos para um operador de resíduos urbanos
Francisco Ferreira (Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente - FCT/UNL)
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Este projecto tem por objectivo efectuar a avaliação e monitorização de odores atmosféricos na área envolvente a operador de resíduos urbanos da Área Metropolitana de Lisboa através de participação cidadã. Centrada na avaliação da incomodidade de odores o desenho metodológico é composto por vectores qualitativos e quantitativos. A abordagem qualitativa promove o envolvimento dos receptores sensíveis existentes na vizinhança do operador como cocriadores de dados, através da formação de painéis de observadores. A abordagem quantitativa combina métodos de medição passiva de marcadores de substâncias atmosféricas (neste caso, sulfureto de hidrogénio através de adsorção química) com inspecções de campo, por parte da equipa técnica, com recurso a olfatometria. Por outro lado, numa perspectiva de educação ambiental serão desenvolvidas ferramentas de comunicação direccionadas para vários público-alvos (ex. comunidade escolar) em parceria com o operador de resíduos e as instituições de governança local. Estas acções têm por objectivo uma maior consciencialização sobre o tema dos odores atmosféricos ainda ignorado pela legislação nacional e europeia, através do empowerment dos cidadãos. Serão ainda desenvolvidas tarefas relacionadas com a capacitação da população afectada com o objectivo do esclarecimento e clarificação da temática dos odores atmosféricos e os seus impactes do ponto de vista da incomodidade e da sua relação com a saúde.
Diagnosticar a Apneia Obstrutiva do Sono também depende de si
Ana Rita Álvaro (CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e CIBB - Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia), Laetitia Gaspar (CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, CIBB - Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia e Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra, Bárbara Santos (CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, CIBB - Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia e Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra), Ana Santos-Carvalho (CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e CIBB - Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia), Rita Lopes (CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, CIBB - Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia e Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra), Sara Varela Amaral (CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e CIBB - Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia), Cláudia Cavadas (CNC - Centro de Neurociências, Biologia Celular da Universidade de Coimbra e CIBB - Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia, Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra e Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra), Ana Rita Álvaro (CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e CIBB - Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia)
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A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma das doenças do sono mais prevalentes, altamente sub-diagnosticada e que afeta fundamentalmente homens, com excesso de peso, fumadores e que trabalham por turnos. No âmbito de um projeto de investigação liderado por investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra em parceria com o Centro de Medicina do Sono do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra pretendemos esclarecer a população, dar a conhecer o risco e promover o diagnóstico desta doença em grupos suscetíveis. Assim, estabeleceu-se um protocolo com a Câmara Municipal de Coimbra e os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra onde se desenvolveram várias sessões de sensibilização sobre a SAOS. Os funcionários (n=214) participaram voluntariamente no estudo, partilhando os seus dados através do preenchimento de questionários validados. Os participantes levaram, também, questionários para casa, disseminando a mensagem e participando mais ativamente neste estudo. Os resultados obtidos mostraram que 32 % dos participantes apresentam sonolência excessiva ao longo do dia, tendo elevado risco para a presença de uma perturbação do sono, enquanto que, 42 % dos participantes apresenta mesmo um elevado risco de sofrer ou desenvolver SAOS. De acordo com estes resultados, foi possível identificar indivíduos sem SAOS e potenciais doentes. Os interessados puderam doar sangue, e assim participar na pesquisa de biomarcadores de SAOS para desenvolver alternativas que permitam um diagnóstico mais precoce da doença. Simultaneamente, os resultados gerais deste estudo foram também discutidos numa reunião onde estiveram presentes os participantes e a direção das empresas em causa, para reforçar a importância de ajustar as condições de trabalho (horários, refeições, exercício, etc.) a um estilo de vida saudável, atrasando o aparecimento de doenças. Este projeto é a primeira iniciativa para a criação de uma Associação de Doentes com SAOS, com ligação privilegiada rápida e precoce, a médicos e investigadores. Neste contexto, os doentes poderão criar uma rede de sensibilização e recrutamento de potenciais doentes, reduzindo tempos de espera, promovendo um diagnóstico antecipado de SAOS, e assim contribuir para uma participação ativa na investigação da doença. Indivíduos mais esclarecidos e participativos contribuirão para a promoção de uma melhor qualidade de vida na sociedade em geral. Trabalho financiado por Fundos Europeus para o Desenvolvimento regional (FEDER), através do InovC 2020 e Programa Operacional Regional do Centro 2020 com o projecto CENTRO-01-0246-FEDER-000017 e através do Programa Operacional Factores de Competitividade – COMPETE 2020 e por Fundos Nacionais através da FCT-Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projecto Estratégico com referência atribuída pelo COMPETE: POCI-01-0145-FEDER-029002, UID/NEU/04539/2019 e através do Fundo Social Europeu POCH-programa operacional de recursos humanos e por Fundos Nacionais através da FCT através FCT PD/BD/135497/2018.
Proposta Open Schools Journal for Open Science
Antónia Correia (Universidade do Minho), Paula Moura (Universidade do Minho), Pedro Príncipe (Universidade do Minho)
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O Open Schools Journal for Open Science é o primeiro periódico científico revisto por pares que aceita trabalhos originais escritos por alunos em idade escolar de escolas primárias e secundárias em toda a Europa, sob a orientação de seus professores, abrangendo as áreas da ciência, engenharia e tecnologia. A revista está hospedada na plataforma de ePublishing do Centro Nacional de Documentação na Grécia e é gerida por Aliki Giannakopoulou e Ellinogermaniki Agogi. As escolas são convidadas a enviar seus artigos, que posteriormente são revistos e publicados a cada dois meses. Os alunos são, assim, introduzidos aos conceitos de ciência aberta e dados de investigação, desenvolvem o pensamento crítico e retórica. A revista, que teve início em 2019, conta já com 3 números e contém artigos de escolas da Grécia, Finlândia, Itália, Portugal, Bulgária, Israel, Espanha, Irlanda e Holanda. Os temas dos artigos variam de escolas que organizam Espaços para Criadores em Israel, à jardinagem em hortas escolares na Grécia, entre outros. Para além da possibilidade de participação por parte de qualquer escola, está a decorrer um projeto de Ciência Cidadã em que escolas de seis países da Europa estão a instalar sismógrafos sob a supervisão do Instituto Geodinâmico do Observatório Nacional de Atenas, a registar dados e a projetar ações de proteção civil usando plataformas como HELIX-Hellenic Data Service, o novo Serviço de Dados e infraestrutura digital nacional. Em março e abril de 2019 realizou-se uma competição na Grécia, envolvendo 44 escolas. Os estudantes que participaram da competição tinham 10 a 18 anos e construíam seus sismógrafos com todos os tipos de materiais, filmavam a construção e apresentavam os seus trabalhos numa plataforma compartilhada. As 10 escolas vencedoras receberam um prêmio numa cerimónia no decorrer do Festival de Ciências de Atenas, na Grécia, onde mostraram os seus trabalhos.
Prémios INR, I.P.
Humberto Santos INR - Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P.
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O Instituto Nacional para a Reabilitação, IP (INR, IP), promove anualmente a atribuição de prémios em diferentes áreas e dirigidos a diferentes públicos visando, no âmbito da sua missão, o envolvimento do maior número de pessoas na promoção dos direitos das pessoas com deficiência. Destes prémios, no âmbito da iniciativa ciência cidadã, destacam-se o Prémio Cartaz 3 dezembro e o Prémio de Inovação Tecnológica Eng.º Jaime Filipe.
Estes prémios destinam-se a valorizar a investigação, a criatividade e a inovação, a potenciar a participação da sociedade civil com vista à melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência. Têm ainda como objetivo a divulgação dos avanços do conhecimento, a sensibilização da sociedade civil para o reconhecimento e importância de uma cidadania inclusiva e a consciencialização e formação cívica no que respeita à promoção dos direitos de participação das pessoas com deficiência em todas as esferas sociais.
6. possuem projetos com abordagens de investigação como qualquer outra, com limitações e enviesamentos que devem ser considerados, controlados e acautelados
Observatório Político – dez anos de um projeto de ciência política e cidadã
Cristina Montalvão Sarmento (Observatório Político/ ISCSP-ULisboa), Patrícia Oliveira (Observatório Político/ ISCSP-ULisboa)
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Em 2008 foi lançado o projeto de criação do Observatório Político (OP), uma unidade de investigação e de divulgação de Ciência, dirigido à área de ciência política. Num contexto de crise e de reestruturação da orgânica e do financiamento da investigação, ao nível das condições de integração de investigadores não doutorados, a decisão culminaria na autonomização do OP como associação científica, sem fins lucrativos, multilateral e dirigida a um público mais vasto que extrapola a Universidade. Longe estávamos de considerar como uma ação de ciência cidadã, mas soubemos, desde logo, que esse ato fundador seria representativo de uma vivência democrática amadurecida e de expansão de cultura científica. O OP representa 220 membros, dos quais 80 são investigadores, que constituem um corpo científico de investigadores e um público alargado de interessados e curiosos da área da ciência política, que visam contribuir para o desenvolvimento do estudo da política e da análise política nacional e internacional. O OP tem-se empenhado no desenvolvimento sustentado de uma plataforma de estudo, análise e investigação dedicada à política, apostando na cooperação alargada com a sociedade e a comunicação social, para além dos serviços de ciência e tecnologia. Na sua génese e no conjunto das suas atividades de divulgação e participação de cidadãos na rede científica, destacam-se cursos formativos para o público, o programa de estágios; a criação, registo e edição da Revista Portuguesa de Ciência Política; e divulgação permanente de uma enciclopédia online de rastreio da política portuguesa, Politipédia – Repertório Português de Ciência Política. Com o lema, não fazemos política, mas explicamos, o OP visa a formação cidadã nesta área científica. Atualmente o OP encontra-se integrado na rede de laboratórios e observatórios do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, continuando a privilegiar relações multilaterais e de cooperação alargada com a sociedade civil.
GelAvista: a lançar dados e a dar cartas no conhecimento dos organismos gelatinosos
Rita F. T. Pires (Instituto Português do Mar e da Atmosfera - IPMA), Cátia Bartilotti (Instituto Português do Mar e da Atmosfera - IPMA), Lígia F. de Sousa (Instituto Português do Mar e da Atmosfera - IPMA), Antonina dos Santos (Instituto Português do Mar e da Atmosfera - IPMA
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Desde 2016 que o GelAvista recolhe dados biológicos e ecológicos sobre a ocorrência, abundância e distribuição de organismos gelatinosos em Portugal, a partir de comunicações enviadas por voluntários. Atualmente, o GelAvista conta já com mais de 3500 avistamentos, correspondendo a mais de 64.000 espécimes de 12 espécies. Os dados obtidos são validados cientificamente e têm permitido inventariar as espécies que podem ser encontradas em águas Portuguesas, analisar os padrões sazonais das suas ocorrências e identificar as áreas preferenciais de distribuição. A espécie Catostylus tagi foi a mais avistada em Portugal continental, enquanto que nos Açores e Madeira, foi Physalia physalis (Caravela-Portuguesa) a mais registada. A C. tagi é uma medusa de grande porte que ocorre com maior abundância nos estuários do Tejo e Sado, de Junho a Março. Com o programa GelAvista foi possível aumentar o conhecimento sobre a sua distribuição geográfica. No caso da P. physalis (Caravela-Portuguesa), os dados permitiram perceber que, ao contrário do que se pensava, esta espécie é bastante comum, também em Portugal continental. A Velella velella é outra espécie que ocorre com frequência em águas Portuguesas e que foi já alvo de uma publicação científica multidisciplinar que, além dos dados GelAvista, usou dados provenientes de campanhas oceanográficas. Os dados para P. physalis e V. velella parecem indicar forte influência do regime de ventos na sua ocorrência em zonas costeiras. Para as restantes espécies consideradas, foi também possível verificar que apresentam uma distribuição espacial mais alargada do que inicialmente previsto. Encontram-se também em preparação trabalhos científicos que complementarão o conhecimento atual, adicionando novas informações sobre diversas espécies, nomeadamente fornecendo dados importantes na área da biologia molecular. A manutenção do programa é essencial para a obtenção de dados numa escala temporal alargada que venham a permitir a construção de modelos capazes da previsão da ocorrência destas espécies gelatinosas.
Smart School Lab: estratégias de ciência cidadã potenciadoras de uma comunidade educativa inteligente em cocriação cívica
Manuel Santos (Escola Secundária da Gafanha da Nazaré; Universidade de Aveiro), Vânia Carlos (Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Aveiro), António Moreira (Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Aveiro)
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Apresentam-se estratégias de ciência cidadã desenvolvidas no âmbito do projeto “Smart School Lab” resultante de uma investigação conjunta de Doutoramento e de Pós-doutoramento com os objetivos de: i) motivar os alunos para uma cidadania participativa, pela aquisição de competências digitais e pela utilização em contextos reais de vida em situações de ensino/aprendizagem; ii) capacitar os professores para a competência digital e para estratégias de ciência cidadã com recurso à internet das coisas (IoT); iii) promover o diálogo e a comunicação entre os atores locais, informando políticas municipais de educação e melhorando a sustentabilidade de projetos de intervenção educativa. O projeto está ancorado no laboratório “Smart School Lab”, já implementado pelos investigadores na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré (ESGN), que tem tido um efeito polinizador e transformador das práticas dos docentes. A temática central do laboratório relaciona-se com “Smart Cities” e “Smart Schools”, onde escolas e município aprendem colaborativamente através de estratégias de ciência cidadã (recolha participativa de dados a partir de sensores, microcontroladores e IoT) suportadas por plataformas digitais de consciência coletiva. De forma a desenvolver dinâmicas comunitárias – criação de comunidade educativa inteligente, suportada por uma rede de geomentores (professores, pais/Encarregados de Educação, atores locais e/ou ex-alunos), foram já desenvolvidas: i) 4 ações de capacitação/formação relacionadas com a tecnologia esri®; ii) 2 kits didáticos (educação e cidadão) com recurso à IoT e sensores realizados num clube informal de alunos e professores; iii) utilização dos kits e da tecnologia esri® em contexto de ensino/aprendizagem nas áreas STEAM; e iv) apoio a projetos escolares em curso na ESGN como EcoEscolas (ecopontos), CoastWatch (lixo marinho) e Fundação Ilídio Pinho (qualidade do ar). Encontra-se prevista para o ano letivo 2019/2020 uma ação de formação (projeto) intitulada: “Smart Schools: flexibilização curricular na construção de comunidades educativas inteligentes”.
Ciência cidadã como ferramenta para expandir o conhecimento científico: o caso do projeto “Cigarras de Portugal”
Vera L. Nunes (cE3c – FCUL), Gonçalo Costa (cE3c – FCUL), Eduardo Marabuto (cE3c – FCUL), Raquel Mendes (cE3c – FCUL), José A. Quartau (cE3c – FCUL), Paula C. Simões (cE3c – FCUL)
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O recente projeto Cigarras de Portugal ( nasceu da necessidade de preencher as muitas lacunas no conhecimento da distribuição atual das 13 espécies de cigarras (Insecta: Hemiptera), cuja presença em Portugal havia sido confirmada no último censo em 2004. Este projeto foi lançado pelo nosso grupo de especialistas (FCUL/CE3C) no Facebook, Instagram e Twitter, meios privilegiados para o contacto direto com o público. Os cidadãos foram desafiados durante todo o Verão a gravar o som do canto com o telemóvel e registar a localização. Realizámos também os primeiros workshops de identificação de cigarras. Estas iniciativas decorreram em paralelo com a identificação das espécies a incluir na primeira Lista Vermelha de Invertebrados para Portugal. Foi no Facebook (https://www.facebook.com/Cigarras.pt/) que se obteve maior visibilidade, em particular quando combinado com a divulgação nos meios de comunicação social, resultando na duplicação do número de seguidores em apenas uma semana. O interesse gerado foi muito abrangente, não se cingindo a naturalistas, mas concentrando-se geograficamente nos distritos de Lisboa e Faro, onde as cigarras são mais facilmente detetáveis em meio urbano. Pretende-se dar continuidade à iniciativa nos anos seguintes e avaliar a sua utilidade na monitorização das espécies de cigarras mais vulneráveis, sendo necessário reforçar a formação dos observadores com workshops gratuitos em diferentes regiões do país, de forma a potenciar o registo de espécies menos detetáveis, que não foi além de 10% das observações em 2019. Pretendemos reforçar as iniciativas de divulgação em curso, como as fichas de espécie em http://www.fonozoo.com/quartau/index_por.php e criar um website agregador de informação para complementar a presença nas redes sociais.
Photovoice: experiência de um método participativo para promover a consciência ambiental - caso do projeto ECOCIDADANIA
Isabel Silva (GAF - Grupo Aprender em Festa), Bernardo Ferreira (GAF- Grupo Aprender em Festa), Samuel Duarte (GAF - Grupo Aprender em Festa)
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O Photovoice é uma estratégia de pesquisa-ação participativa que pode contribuir para a mobilização de jovens para a mudança da comunidade. Procuraremos relatar uma experiência no desenvolvimento das fases do método Photovoice em pesquisa qualitativa junto de jovens residentes no concelho de Gouveia, um território rural do interior de Portugal. A estratégia pode permitir que os/as jovens (1) registem e vivenciem os pontos fortes e as preocupações em matéria de ambiente e biodiversidade local na sua comunidade; (2) promover o diálogo crítico e o conhecimento sobre questões da comunidade por meio da discussão em grupo das fotografias; e (3) alcançar os decisores locais. Seguindo uma descrição da metodologia Photovoice, este pôster destaca de forma sucinta o projeto ECOCIDADANIA, em que os/as jovens utilizam a ferramenta Photovoice para representar, defender e melhorar a consciência ambiental e preservação da biodiversidade local na sua comunidade.
Investigação em Rede
David Fernandes (Voz em Rede - Associação Promotora da Inclusão Social), Vinicius Ramos (Voz em Rede - Associação Promotora da Inclusão Social)
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Esta apresentação de projeto de ciência cidadã foca a divulgação da plataforma Investigação em Rede. Este projecto de investigação-acção insere-se nos fins estatutários da Voz em Rede, Associação Promotora da Inclusão Social. A Voz em Rede é uma associação sem fins lucrativos cuja missão é a defesa e promoção dos direitos sociais, económicos e culturais, e a capacitação de grupos sociais desfavorecidos através de plataformas de informação, debate, formação e investigação. No âmbito dos seus projectos sociais na região do Minho, a Voz em Rede pretende implementar metodologias de investigação-acção e/ou recolher dados para investigações científicas. Neste momento, esta organização não governamental prepara o lançamento de um sito para o projecto Investigação em Rede (www.investigaçãoemrede.org). Além disso, pretende desenvolver no próximo ano lectivo diversas parcerias e colaborações com escolas e núcleos de investigação ligados à Universidade do Minho. A Voz em Rede, fundada em 2017, encontra-se envolvida em diversas iniciativas tais como o projecto “Braga - Uma Cidade Intercultural” que foi desenhado para promover a integração dos Nacionais de Países Terceiros. Com a intenção de incrementar o reconhecimento mútuo entre as diferentes culturas, o projecto pretende criar espaços, oportunidades e movimentos de informação que unam as populações autóctone e imigrante em Braga. Por isso, pretendemos ainda apresentar os instrumentos utilizados para a recolha de dados no âmbito das acções do projecto e analisar os dados recolhidos até ao momento. Outro trabalho apresentado durante o ano de 2018 foi o poster _Da Prática à Teoria e Novamente à Prática - a Mediação Intercultural presente nos Programas de Intercâmbio, uma análise comparativa das potencialidades e limitações destes contextos_ no âmbito do II Colóquio Mediação em Diálogo: Horizontes Partilhados.
25 de Outubro de 2019
Aula Maynense
10h00h-11h00 | Comunicações Orais | C3
Moderação: Patrícia Tiago
A ciência cidadã e o combate ao negacionismo científico
Paulo Gama Mota (CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto)
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Desde que há ciência que existiram, em paralelo, discursos explicativos alternativos para os mais diversos fenómenos. Mas, assiste-se hoje a um novo fenómeno: um negacionismo activo e de oposição ao conhecimento científico, independente do nível educacional e chegando aos governos de vários países. Esta situação é muito problemática e os cientistas têm tido dificuldade em lidar com o fenómeno, porque há um conjunto de aspectos decorrentes da própria actividade científica, como a sua natureza abstracta e complexa, a incompletude do próprio conhecimento, ou do seu valor económico, que são explorados pelos movimentos negacionistas. A ciência cidadã, pelas suas características de envolvimento da sociedade, pode ter um papel muito importante no actual combate às formas de negacionismo. Esta comunicação pretende identificar os pontos problemáticos do discurso científico, que geralmente são explorados pelo negacionismo, usando exemplos relacionados com o ambiente e a saúde, e apresentar soluções para um contributo valioso da ciência cidadã no combate ao negacionismo científico e a promoção da compreensão e valorização do conhecimento científico na sociedade.
Ci2RiT - Ciência e Cidadãos em ação para o conhecimento e valorização dos Rios Temporários
Manuela Morais (Instituto Ciências da Terra, Universidade de Évora, Évora, Portugal), Helena Ramos Ribeiro (Voluntária da Iniciativa de Ciência Cidadã, Odemira, Portugal)
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Os Rios Temporários não apresentam caudal superficial durante um período do ano. São naturais em regiões áridas, semiáridas e mediterrânicas e encerram uma elevada biodiversidade, fornecendo importantes serviços de ecossistemas. As actividades antropogénicas aliadas às alterações climáticas têm conduzido a uma expansão das descontinuidades hidrológicas, estimando-se que mais de metade da rede hidrográfica global seja constituída por Rios Temporários. Em Portugal Continental estima-se que 46% dos rios, são temporários. Considerando os cenários de alterações climáticas, a representatividade destes sistemas aumentará. Para uma gestão integrada dos Rios Temporários é fundamental conhecer a sua distribuição espacial e a sua dinâmica funcional, nomeadamente quando deixam de correr, quando secam e quando e de que forma, começam novamente a correr. Para preencher estas lacunas do conhecimento, são necessários dados a uma escala geográfica e temporal alargada, o que, não sendo exequível ao nível das estruturas institucionais e científicas, terá boas hipóteses de o ser com a contribuição dos Cidadãos, no quadro de uma iniciativa de Ciência Cidadã. O projecto europeu SMIRES estuda e promove a gestão dos Rios Temporários e pretende contribuir com a recolha do máximo de dados relevantes, contando com a participação dos cidadãos europeus e propondo para tal o aplicativo CrowdWater, funcionalidade Temporary Streams. Na Europa foram já carregadas nesta aplicação cerca de 6000 registos. Portugal conta à data com 24 Pontos de Observação maioritariamente localizados no concelho de Odemira, com mais de 100 registos. Com o objectivo de promover a participação inclusiva dos cidadãos, está em fase de implementação uma Iniciativa Piloto com foco na população das zonas rurais, prevendo o envolvimento activo dos séniores. Foi realizado um 1º Workshop na aldeia de Sabóia, Concelho de Odemira e estão previstas diversas outras actividades para o conhecimento e valorização dos Rios Temporários.
Projeto EDUMAR – Educar para as alterações climáticas através da ciência cidadã
Diana Mendes Boaventura (CIEJD - Centro de Investigação e Estudos João de Deus - Escola Superior de Educação João de Deus; MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente; Laboratório Marítimo da Guia; Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), Ana Teresa Neves (Centro de Investigação e Estudos João de Deus, Escola Superior de Educação João de Deus, Lisboa, Portugal; UIDEF – Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Educação e Formação, Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, Lisboa); Cristina Luís (Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia - CIUHCT, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal); António José Monteiro (Museu Nacional de História Natural e da Ciência - MUHNAC, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal); Alexandra Cartaxana (Museu Nacional de História Natural e da Ciência - MUHNAC, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal); Jaime Santos (Centro de Investigação e Estudos João de Deus, Escola Superior de Educação João de Deus, Lisboa, Portugal), Paula Colares Pereira (Centro de Investigação e Estudos João de Deus, Escola Superior de Educação João de Deus, Lisboa, Portugal), Filomena Caldeira (Centro de Investigação e Estudos João de Deus, Escola Superior de Educação João de Deus, Lisboa, Portugal), António Ponces de Carvalho (Centro de Investigação e Estudos João de Deus, Escola Superior de Educação João de Deus, Lisboa, Portugal)
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Num contexto de alterações climáticas importa consciencializar a comunidade para a necessidade da manutenção da biodiversidade e sustentabilidade das espécies marinhas. O Projeto EDUMAR - “EDUcar para o MAR” teve como objetivo educar, através de ações de ciência cidadã, sobre as causas e consequências das alterações climáticas nos ecossistemas costeiros da zona de marés. Foi desenvolvido um conjunto de atividades para envolver alunos dos 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico na monitorização das espécies deste ecossistema. Participaram neste estudo, realizado no ano letivo de 2017/2018, cerca de 300 alunos de 14 turmas (11 turmas do 1º ciclo e 3 turmas do 2º ciclo) de 8 escolas distintas (4 da rede pública e 4 da rede privada) da região de Lisboa. Foi aplicada uma metodologia de investigação de métodos mistos com recurso a: pré e pós testes aos alunos, análise documental dos materiais produzidos pelos mesmos ao longo do ano, inquéritos por questionário e entrevista aos professores e análise dos dados inseridos pelos alunos na plataforma iNaturalist/Biodiversity4all. Os resultados obtidos revelaram um aumento do conhecimento científico por parte dos alunos, sobre as causas e consequências das alterações climáticas e identificação das espécies. De acordo com os professores, os alunos desenvolveram capacidades de pensamento crítico e atitudes de colaboração no trabalho em equipa, referindo que as tecnologias digitais móveis usadas nas atividades foram um bom veículo de aprendizagem. Neste trabalho, será feita uma análise e reflexão sobre as principais potencialidades e limitações desta investigação.
Ciência cidadã da base para o topo?
Ana Delicado (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa)
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Sob o rótulo ciência cidadã há uma enorme diversidade de projetos que envolvem pessoas comuns na investigação científica, nas mais diversas áreas do saber. Mas a maioria destes projetos têm alguns traços em comum: são iniciados por cientistas, são concebidos por cientistas, são desenvolvidos sob a coordenação de cientistas e quando chega a altura de apresentação de resultados, são novamente os cientistas a tomar a dianteira. Aos cidadãos cabe participar, contribuir, executar, no melhor dos casos em outras fases da investigação que não só a recolha de dados. Mas é possível fazer as coisas de outro modo? E ainda assim chamar-lhe ciência cidadã? Esta comunicação tem como base empírica um projeto iniciado e desenvolvido por cidadãos, no qual os cientistas desempenharam um papel diferente do habitual. Um projeto em que os cidadãos escolheram o tema que queriam trabalhar e procuraram o apoio de cientistas para a recolha e análise da informação. Em que os cidadãos elegeram o modo de disseminar os resultados e convidaram os cientistas a nele participar. Este caso permite problematizar a ciência cidadã “da base para o topo”, ao explorar as suas potencialidades para promover o envolvimento das comunidades na ciência e o desenvolvimento de uma forma de fazer investigação mais próxima aos interesses, necessidades e preocupações dos cidadãos. Mas também analisar as suas dificuldades, limitações e questionável legitimação no campo científico. E permite também discutir as complexidades de fazer ciência cidadã nas ciências sociais, onde a porosidade das fronteiras entre sujeito e objeto de investigação se pode afigurar problemática.
Sala da Capela
10h00h-11h00 | Apresentação de Projetos | P2
Moderação: Maria Vicente
lixomarinho.app - Contabiliza e recolhe o lixo marinho da tua praia e ajuda a preservar o Oceano
Filipa Bessa (MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente - Universidade de Coimbra)
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A plataforma lixomarinho.app é um projeto de ciência-cidadã e sensibilização ambiental dirigido à problemática do lixo marinho na costa portuguesa, que visa aumentar a aproximação da população ás ciências ambientais e consciencialização sobre o problema da acumulação de resíduos no ambiente. O projeto é liderado pela Universidade de Coimbra, através de ações de investigadores do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente numa parceria com a APLM – Associação Portuguesa do Lixo Marinho. A plataforma contempla um site responsivo (lixomarinho.app) e uma aplicação móvel (disponível através do Google Play) e permite a contagem simples e mapeamento de lixo marinho em praias da costa portuguesa, nomeadamente durante eventos de limpeza dos areais, visando funcionar como observatório nacional de lixo marinho. Até à data existem cerca de 875 utilizadores registados na app, 131 eventos e 22.576 itens contados e mapeados ao longo da costa Portuguesa. Em paralelo, através das suas páginas de facebook e Instagram, pretende-se de forma contínua preparar eventos de demonstração da plataforma, angariar parceiros para o desenvolvimento de parcerias e também servir de rede de divulgação de notícias sobre o tema. Sensibilizar a população para o combate ao lixo marinho, contribuindo para a preservação dos oceanos, e alertar as entidades competentes para a urgência na adoção de medidas que permitam mitigar este grave problema ambiental global é a meta a atingir através do projeto.
Pegada na Areia - Monitorização de microplásticos nos sedimentos costeiros
Rita Rocha (Mundo Científico - Educação e Divulgação Científica, Lda)
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O projeto PEGADA NA AREIA: Monitorização de Microplásticos nas Praias é um projeto de Ciência Cidadã que convida a população a monitorizar o lixo marinho, com enfoque nos microplásticos, pequenos fragmentos com dimensão inferior a 5 milímetros. O projeto contempla a recolha de fragmentos plásticos da areia em duas campanhas anuais, outono e primavera. Numa primeira etapa, o cidadão recorre às fichas de inventariação e aos guias fornecidos pela equipa para proceder à identificação por tipologias. Para a quantificação laboratorial, numa segunda etapa do trabalho, é montada uma bancada laboratorial, onde o cidadão pode filtrar, fazer uma primeira contagem e preparar as amostras para preservação. PEGADA NA AREIA estende a participação pública ao ciclo de análise dos microplásticos das praias, atividade, até então, maioritariamente desenvolvida nos laboratórios de investigação com pouca ou nenhuma intervenção do cidadão. Fazendo alusão ao conceito de pegada ecológica, pretende-se que o projeto sirva de mote para a ação e, como qualquer marca na areia, efémera por natureza, espera-se que vá desaparecendo, à medida que projetos de intervenção, como o PEGADA NA AREIA, se implementem no território.
Oficinas de Antropologia para crianças
Giulia Cavallo (CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia - ISCTE)
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The proposed action research project is composed of two phases: an initial phase of fieldwork and data collection, followed by the implementation of a pilot teaching project in a primary school in Lisbon in order to evaluate the possible impact of teaching Anthropology on teacher training outcomes as well as students. The participatory methodology will ensure that both teachers and children are actively involved in the elaboration of the educational content and materials produced during the second phase of the project. One year of fieldwork in one/two selected schools, with previous authorization and the teachers’ collaboration. Educational needs and content will be assessed and identified through interviews with teachers and students. An analysis of school manuals and their approach to cultural diversity, history, and geography will be carried out. The training offered on Intercultural Education for teachers in Formação Contínua will also be analyzed. After working with the teachers to identify training needs and elaborate educational material and an appropriate methodology to use within the classroom, the objective is to present a formal proposal that Anthropology be taught to students and to be integrated into teacher training actions at a national level to Conselho Nacional da Educação and to the Centros de Formação de Associações de Professores. Another of the project aims is to promote collaboration between teachers and academics and involve other researchers during the design of the educational project, this is underpinned by the assumption that the creation and strengthening of alliances between academics and educationalists is essential. The approach presented in this proposal is based on the premise that Anthropology has a social responsibility and a public utility, as an instrument for understanding and analyzing global processes. The project explores the hypothesis that Anthropology can contribute to the formation of more empathic individuals, more attentive to the interplay of surrounding social dynamics, who are trained to take a critical and a reflective approach to contemporary events, and who are also able to apply this knowledge to personal experiences within the family, with colleagues and in larger social groups.
ALMA da AGUA: A Space Awareness Initiative
Dinis Ribeiro (Escola Náutica Infante D. Henrique)
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Este projecto que foi iniciado em 2001 e que está presentemente a ser reformulado e actualizado permitirá uma articulação de esforços no âmbito da CPLP no que respeita a diversos projectos de "Citizen Science" a nível da meteorologia, e da monitorização ambiental os rios e dos mares. Irá trabalhar com a associação "Mares da Lusofonia", entretanto criada, bem como a Agência Espacial Portuguesa, que foi finalmente criada em 2019. A utilização de navios da marinha mercante como plataformas de apoio ao lançamento de sensores miniaturizados do tipo dos Cansats será descrita. A possível utilização dos Social Media existentes, tais como o "Prontos para a Trovoada?" será analizada. Diferentes locais específicos que poderão ser usados para apoio logístico serão enlencados. Os projectos irão ser desenvolvidos em colaboração com iniciativas como esta: http://www.marineboard.eu/citizen-science
Adegas da Memória: ciência pública e construção da memória nas comunidades camponesas da Ribeira Sacra (Galiza, Espanha)
Xurxo Ayán Vila (Instituto de História Contemporânea - NOVA FCSH)
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Neste ano de 2019, do Instituto de História Contemporânea do FCSH da Universidade Nova de Lisboa, iniciamos um projeto de Arqueologia comunitária na freguesia de Vilachá, na Câmara Municipal de A Pobra do Brollón (Lugo, Galiza, Espanha). Esta pequena freguesia está localizada em uma área tradicional de vinho no cânion do rio Sil. Esta área, conhecida como Ribeira Sacra, é candidata a ser declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. No nosso projeto científico Adegas da Memória, os verdadeiros protagonistas são os vizinhos de Vilachá. Eles não são meros destinatários do conhecimento científico gerado pelos arqueólogos, mas marcam a agenda da pesquisa, constroem o relato histórico a partir de sua tradição oral, lendas e mitos e abrem suas casas para realizar atividades de socialização do patrimônio. Em estreita colaboração com nossa equipa, eles organizam sessões de cinema arqueológico, conferências nas vinícolas (adegaferencias), exposições e visitas guiadas aos sítios que estamos escavando em seu território. Este projeto da Ciência Cidadã pode ser acompanhado na Internet na série de documentários Adegas da Memória.
A Grande Caça aos Ovos
Luís Alves (APECE), Susana França (MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente
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Um quarto das mais de 1000 espécies de tubarões e raias encontram-se sob ameaça de extinção, mas quando comparados, por exemplo, com tartarugas ou mamíferos marinhos, os elasmobrânquios têm sido alvo de poucos esforços de conservação. Existe uma necessidade generalizada de programas educacionais que demonstrem ao público que tubarões e raias são animais interessantes e valiosos e, que todos os cidadãos podem desempenhar um papel ativo na sua conservação. Um método de educação particularmente eficaz é a criação de projetos de ciência cidadã, nos quais os cientistas se apoiam em cidadãos interessados para recolher dados e realizar amostragens, ampliando de forma considerável o esforço de obtenção de dados. Entre uma grande variedade de espécies de tubarões e raias, existem algumas que se reproduzem depositando ovos em zonas costeiras que, após a eclosão, acabam muitas vezes por flutuar até às praias, onde podem ser recolhidos. Neste projeto, os cidadãos vão ser encorajados a procurar, fotografar, identificar e registar ovos de 9 espécies de tubarões e raias encontrados nas praias de Portugal. Esta “caça” será facilitada por uma App gratuita, desenvolvida originalmente pela The Shark Trust no Reino Unido, que foi adaptada para português e se chama “A Grande Caça aos Ovos”. A App está disponível para os sistemas IOS e Android e a sua adaptação para português foi apoiada pelo projecto Shark Attract, um dos vencedores da primeira edição do Fundo para a Conservação dos Oceanos. Os registos obtidos poderão depois ser usados para identificar zonas e épocas de postura das espécies residentes, dados essenciais para a implementação de medidas de gestão e conservação adequadas.
LivingRiver - Caring and protecting the life and culture around rivers and stream
Canhoto, C.(CFE – Centre for Functional Ecology), Castaño, I. (Instituto de História Contemporânea – NOVA FCSH), Diniz, S.(Instituto de História Contemporânea – NOVA FCSH), Freitas, H.(CFE – Centre for Functional Ecology), Gonçalves, A.L.(CFE – Centre for Functional Ecology), Rollo, M.F. (Instituto de História Contemporânea – NOVA FCSH), Seixas, L. (Instituto de História Contemporânea – NOVA FCSH), Silva, F. (Instituto de História Contemporânea – NOVA FCSH)
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Os cursos de água encontram-se entre os ecossistemas mais alterados do nosso planeta. O conhecimento da sua história e a compreensão do modo como funcionam constituem bases fundamentais para a proteção, utilização sustentável e recuperação destes sistemas e dos serviços por eles prestados ao Homem. LivingRiver é um projeto Europeu onde várias Instituições de Ensino Superior e Organizações Não Governamentais de Portugal, Espanha, Roménia e Turquia se uniram, sob a coordenação da ASPEA-Associação Portuguesa de Educação Ambiental, para criar ferramentas pedagógicas, cientificamente validadas (UC & UNL), em colaboração com a comunidade escolar, que permitem à comunidade em geral, num exercício de cidadania ativa e esclarecida, conhecer a vida dos pequenos cursos de água, avaliar o seu funcionamento, reconhecer e valorar as interações físicas e afetivas estabelecidas, ao longo dos tempos, com as populações que com eles se relacionam. Neste projeto, as comunidades escolares e a população em geral são convidadas a construir e imergir pequenos sacos de rede cheios com folhas de árvores nos seus ribeiros. Os participantes acompanham a degradação das folhas permitindo observar e reportar informação sobre organismos cruciais à manutenção da qualidade da água e inferir sobre a saúde do curso de água. As metodologias desenvolvidas serão aplicadas em contexto escolar (2º e 3º ciclos do ensino básico), depois de discutidas e testadas em workshops promovidos pelas Universidades envolvidas em colaboração com docentes e parceiros. Os conteúdos produzidos pelos alunos, por meio da aplicação das metodologias previamente desenvolvidas e testadas, serão agregados e disseminados para o público em geral através da criação de um E-book e de uma Plataforma Multimédia (em construção), constituindo-se como um repositório de conhecimento acerca dos rios em estudo produzido de forma colaborativa e participada.
11h00-11h30 | Pausa para café
Salão Nobre
11h30-13h00 | Workshop | A caminho de uma Rede Portuguesa de Ciência Cidadã
13h00-14h30 | Almoço livre
Aula Maynense
14h30-16h00 | Comunicações Orais | C4
Moderação: Paulo Gama Mota
Citizen Science as Community Based Participatory Research
Pedro Russo (Universidade de Leiden)
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Establishing a Citizen Science project is challenging. It involves an intricate framework bringing together different individuals with a common goal of tackling a specific challenge or issue. This presentation provides that framework to establish run a Citizen Science project in different settings, it will also provide insights, into the financial aspects, tips on how to implement projects and how to communicate them and important insights on how to create impact and measure it. This presentation will provide additional information on how Community Based Participatory Research can support the development of Citizen Science projects.
Dar uma mão à Natureza
Jóni Vieira (Montis - Associação de Conservação da Natureza)
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A Montis tem como objectivo central o envolvimento da comunidade na gestão da paisagem e da biodiversidade. Partindo deste ponto, os modelos de gestão praticados pela Montis centram-se no voluntariado como principal instrumento de gestão e envolvimento, o que permite um permanente enriquecimento pela discussão e partilha com os sócios e participantes das actividades. Valoriza-se sobretudo a discussão dos modelos de gestão de forma crítica e informada, favorecendo a aplicação dos conhecimentos adquiridos em outros terrenos privados. A Montis não tem um programa de educação ambiental clássico, mas tem um conjunto de atividades com forte componente prática, procurando sempre envolver as pessoas na gestão, e que é pedagogicamente acompanhada pela Montis, em detrimento de uma transmissão expositiva de ideias e conhecimentos. Partindo desta abordagem, e sendo a Montis uma associação que privilegia a utilização dos recursos da multidão, os voluntários são envolvidos em: · capacitação em identificação de fauna e flora durante acções de bioblitz e voluntariado · acções de identificação e registo de biodiversidade, tendo-se até à actualidade realizado um total de 372 observações de 218 espécies_ · acções de capacitação com a experimentação directa da gestão_ · capacitação em workshops de engenharia natural_ · acções de controlo de invasoras. Mais recentemente a Montis começou a desenhar um programa de recolha de dados de evolução da paisagem, direcionado para as propriedades que gere, com base em voluntariado. Pretende-se que, tendo como ponto de partida um modelo de recolha de dados criada no âmbito de um estágio curricular que recorre a dados recolhidos por voluntários, seja possível traçar um perfil evolutivo contínuo da paisagem das propriedades que a Montis gere.
Novos Decisores ciências-Segundo Torrão
Tatiana Arquizan (Associação Socio-cultural Canto do Curió), João Duarte (Centro de Filosofia das Ciências Universidade de Lisboa), Livio Riboli-Sasco (Cooperativa Atelier des Jours à Venir), Paulo Faísca (Associação de Moradores do Bairro do 2 Torrão, Tarfaria, Almada)
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Novos Decisores Ciências é um projeto de ciência cidadã que se dedica a uma encomenda de investigação formulada por um grupo de cidadãos. Em 2014 um grupo de moradores do bairro social do Segundo Torrão, em Trafaria, Almada formularam uma pergunta: Será que o Mar vai engolir o bairro? Quando e como? Existiam estudos sobre a costa marítima que nos dizem até onde o nível do Mar pode chegar e quando. Mas não haviam estudos sobre o Estuário do Tejo.
Qual a perceção da comunidade científica portuguesa sobre a Ciência Cidadã?
Cristina Luís (CIUHCT - Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, FCUL), Cristina Palma Conceição (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, Estoril, Cascais, Portugal; Instituto Universitário de Lisboa - ISCTE-IUL, CIES-IUL, Lisboa, Portugal, António Firmino da Costa (Instituto Universitário de Lisboa - ISCTE-IUL, CIES-IUL, Lisboa, Portugal)
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A ciência cidadã é considerada uma tendência emergente, tendo ganho visibilidade e interesse na última década por duas razões principais: por um lado, como forma de abordar questões de investigação que dificilmente o poderiam ser sem o envolvimento de um grande número de coletores de dados e, por outro, como forma de envolvimento do público no processo científico, contribuindo assim para a sua cultura científica e para o seu envolvimento mais estreito em questões de ciência e tecnologia. Em Portugal, a ciência cidadã parece ainda ser uma prática pouco comum, nomeadamente junto da comunidade científica. Assim, interessa perceber qual a perceção da comunidade científica portuguesa sobre o que se entende habitualmente como ciência cidadã. Neste sentido, em 2016, foi elaborado e aplicado um inquérito com o intuito de saber junto da comunidade científica em Portugal o que entendia por ciência cidadã e como avaliava a pertinência de ações relacionadas com esta prática e com a promoção da cultura científica. Os resultados deste estudo preliminar mostram um certo desconhecimento por parte da comunidade científica portuguesa sobre o que é a ciência cidadã, mas em contrapartida uma forte participação em atividades de promoção da cultura científica.
Painéis de observadores: avaliação sensorial de odores atmosféricos através de participação cidadã
Sofia Teixeira (Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa), Paulo Pereira (Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa), Francisco Ferreira (Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa)
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A integração da sociedade civil em projectos de investigação científica constitui uma forma de, para além da cocriação de dados essenciais para a análise, promoção da inclusão de elementos que pela sua experiência, podem auxiliar nos mecanismos de recolha de informação e no desenvolvimento de medidas que melhorem o seu ambiente circundante. Em projectos de avaliação e monitorização ambiental, a inclusão dos cidadãos promove um papel mais activo dos indivíduos e sobretudo o fortalecimento da relação de triangulação entre comunidade, academia e instituições. No que se refere à análise sensorial dos odores atmosféricos, ao incluir a participação cidadã promove-se uma nova abordagem bottom-up do problema, isto é, direccionada para os cidadãos, os quais apresentam um dos melhores sensores para medir odores: o nariz humano. Além disso, esta “ferramenta” permite abordar a questão de forma instantânea e a nível localizado, o que nem sempre é possível com outras metodologias, além do que possibilita avaliar a incomodidade de odores mesmo em situações em que o limite de detecção de determinadas substâncias seja bastante reduzido e portanto, não passível de medição com equipamentos. Assim, para a determinação da exposição de potenciais receptores sensíveis a uma fonte emissora de odor, são formados Painéis de Observadores (PO), isto é, grupos de pessoas voluntárias, sem vínculos a essa fonte emissora, sem ligação entre si, residentes ou trabalhadores na área em análise, com a condição de terem percepcionado pelo menos uma vez um odor que lhe tenha causado incomodidade no seu local de residência/trabalho. Para a selecção da amostra é aplicado um inquérito por questionário exploratório para averiguação de alguns critérios essenciais (nomeadamente a sensibilidade olfactiva) para a análise. Posteriormente, é distribuída uma grelha mensal de registos de odor aos elementos seleccionados. Esta grelha avalia algumas características de odor, nomeadamente: tipo, frequência, duração, intensidade, localização, bem como estado do tempo e do vento percepcionado. Posteriormente estes dados são sujeitos a validação através de metodologias complementares de análise desenvolvidas pela equipa técnica.
Projeto PVC: um projeto de ciência cidadã para a promoção atitudes positivas face à Química e a problemáticas ambientais
José Luís Araújo (CIQUP, Unidade de Ensino das Ciências, Departamento de Química e Bioquímica, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto), Carla Morais (CIQUP, Unidade de Ensino das Ciências, Departamento de Química e Bioquímica, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto), João Carlos Paiva (CIQUP, Unidade de Ensino das Ciências, Departamento de Química e Bioquímica, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto)
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O projeto PVC - Perceive the Value of Chemistry behind water and microplastics - é um projeto de ciência cidadã que visa promover atitudes positivas dos alunos face à Química e face à problemática da poluição dos oceanos por microplásticos. O projeto decorreu durante o ano letivo de 2018/2019, e envolveu cerca de 500 alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico na monitorização de parâmetros físico-químicos de águas costeiras (por exemplo: pH, temperatura, percentagem de oxigénio dissolvido, concentração de nitratos e nitritos) e na identificação da presença de microplásticos nessas águas. Este projeto estruturou-se em três momentos: i) tarefas online para promover a consciencialização da importância da química na resolução de questões relacionadas com a poluição do ambiente por plásticos e microplásticos_ ii) recolha e análise de águas nas praias da zona norte_ iii) divulgação dos resultados na comunidade escolar e em plataformas de ciência cidadã como a EarthEcho Water Challenge. Escalas de atitudes face à Físico-Química (FQ) e face às problemáticas ambientais como o lixo marinho (LM), previamente validadas para o efeito, foram respondidas pelos participantes como pré e pós-teste. Realizaram-se também entrevistas a professores e alunos participantes do projeto. Da análise fatorial da escala FQ emergiram 4 dimensões (i) comportamental [M=4.52, SD+-1.24], (ii) cognitiva [M=5.46, SD+-1.18], (iii) afetiva face à disciplina [M= 4.33, SD+-1.32] e (iv) afetiva face ao estudo da disciplina [M=4.79, SD+-1.26]. Da escala LM emergiram 3 fatores (a) cognição e valores [M=6.05, SD+-.93], (b) preservação ambiental [M=5.30, SD+-1.09] e comportamentos pró-ambientais [M=5.42, SD+-_1.29]. Os resultados preliminares evidenciam uma melhoria mais significativa das atitudes dos alunos face ao estudo da FQ e face à preservação ambiental. Também as entrevistas realizadas corroboram este resultado de que o envolvimento neste projeto promoveu uma maior motivação e empenho à disciplina e uma grande sensibilização para as problemáticas ambientais.
Sala da Capela
14h30-16h00 | Apresentação de Projetos | P3
Moderação: Luísa Seixas
Censo das subespécies de Buteo buteo nos arquipélagos dos Açores e da Madeira
Alba VIllarroya (SPEA)
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O censo das subespécies de Buteo buteo nos arquipélagos dos Açores e da Madeira é um programa de monitorização a longo prazo coordenado anualmente pela SPEA desde 2006. Este projeto representa uma importante iniciativa de Citizen Science em que os cidadãos interessados, independentemente da idade e grau de conhecimento, contribuem para a obtenção dos dados, constituindo uma enorme ferramenta, não só para aproximar o público em geral dos projetos científicos, como também para avaliar a evolução das populações desta espécie ao longo dos anos. São umas das espécies mais emblemáticas dos dois arquipélagos, sendo no caso dos Açores a única espécie de ave de rapina diurna que reside no arquipélago. O censo de milhafres/mantas decorre uma vez por ano desde 2006, durante um fim de semana de março ou abril, em simultâneo nos dois arquipélagos. Estes meses coincidem com o período fenológico prévio à reprodução em que os buteos se encontram mais ativos. O censo consiste na realização de percursos nas várias ilhas de modo a registar alguns dados sobre os milhafres/mantas. A seleção dos percursos é feita pelos cidadãos interessados em colaborar, contudo, a coordenação do projeto tenta garantir a abrangência de diferentes áreas em cada ilha. Isto permite que os percursos representem a realidade das ilhas e não os melhores locais para a observação de estas aves. Dada a dimensão dos arquipélagos e as dificuldades logísticas para assegurar o trabalho de campo nas diversas ilhas, somente com a participação da população tem sido possível obter dados desta espécie ao longo dos anos.
A voz dos/as Jovens ECOPrós - agentes de Ciência Cidadã, à procura de soluções para a preservação do meio ambiente e biodiversidade local
Samuel Duarte (GAF - Grupo Aprender em Festa)
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Face aos desafios ambientais do século XXI, é urgente envolver, cada vez mais, os/as jovens na vida da comunidade, de forma ativa e participativa, na procura de soluções para a preservação do meio ambiente e biodiversidade local. Os projetos de cidadania ativa, assumem um papel importante na mobilização dos/as jovens, como agentes de Ciência Cidadã. Neste caso, o projeto ECOCIDADANIA, a decorrer no concelho de Gouveia, promovido pelo GAF- Grupo Aprender em Festa, em conjunto com parceiros locais e internacionais, procura potencializar a abordagem da Ciência Cidadã, para que os/as jovens - denominados de ECOPrós - atuem como contribuidores, colaboradores ou líderes de projetos de pequena dimensão, que resultem em ativismo ambiental, procurem responder a perguntas de investigação ou coloquem em prática ações de conservação que ajudem a melhorar decisões de gestão ou políticas ambientais locais. A metodologia proposta para a implementação do projeto, assenta em estratégias de educação não formal, numa abordagem holística e orientada para o processo, com base na experiência e na ação, organizada com base nas necessidades dos/as participantes. As ações envolvem iniciativas cívicas como saídas de campo, workshops temáticos, reuniões comunitárias, Fóruns da Cidadania e campanhas de sensibilização ambiental, entre outras. Através destas ações espera-se aumentar as preocupações cívicas do grupo-alvo para os temas em debate, bem como aumentar o seu conhecimento sobre o território. A avaliação das ações do projeto, contemplará sobretudo uma abordagem qualitativa, com recurso a entrevistas, focus group ou inquéritos. Esta abordagem de cidadãos/ãs cientistas contribui para aumentar as oportunidades de aprendizagem, fortalecer a consciência cívica e democratizar o acesso à ciência. Visa ainda potencializar competências individuais e sociais dos/as jovens, o desenvolvimento de uma atitude reflexiva, crítica e construtiva, competências chave e fundamentais para a participação ativa num sistema democrático.
Reservoir Birds: um pequeno projeto ibérico de biologia cidadã
Luís de Oliveira Gordinho (CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto), José Luis Copete (Lynx Edicions)
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Os projetos de Biologia Cidadã com mais utilizadores a operarem atualmente em Portugal, são de âmbito global, dirigidos a uma maioria com conhecimentos pouco diferenciados, e têm grandes recursos informáticos. Reservoir Birds (RB) é um projeto ibérico, dirigido a uma minoria com conhecimentos mais avançados e funciona com recursos informáticos modestos. O seu principal objetivo é divulgar rapidamente observações de indivíduos de espécies de aves raras e pouco comuns na Península Ibérica, e respetivos detalhes. Estes detalhes, apresentados em tabela, mapa e fotografias, poderão permitir a relocalização dos mesmos indivíduos por outros interessados. O facto de os registos serem inseridos pelos próprios observadores, no portal ou na aplicação-móvel, não passando por administradores, permite uma rápida difusão sem distorções. Alertas regionais e nacionais de registos recém-inseridos podem ser recebidos por correio-electrónico, configurando as preferências pessoais. Informação não fidedigna é posteriormente invalidada por uma rede ibérica de 30 correspondentes. Paralelamente, RB funciona como um repositório de listas, vitalícias e anuais, de espécies de aves registadas por diferentes observadores, maioritariamente ibéricos, nas seguintes regiões: Portugal Continental, Espanha, Península Ibérica, Paleártico Ocidental, Mundo e Regiões Autónomas de Espanha Peninsular. RB foi criado em 2006 por um grupo de cinco observadores catalães e asturianos. Em 2009 fundiu-se com Birding Catalonia, portal que divulgava alertas ornitológicos na Catalunha desde 2006, e incorporou os seus três editores. Finalmente, desde Setembro de 2012, passou a abranger também Portugal Continental, integrando dois editores aqui residentes. É um portal amador e sobretudo lúdico mas parte dos dados compilados são avaliados por comités de raridades e publicados numa revista científica (Ardeola FI=1,974). Uma fração desta informação tem sido usada em artigos sobre divagação, colonização, extinção, etc., publicados em revistas com maior impacto. O principal problema do portal é que quase toda a comunidade o usa mas só parte contribui com registos.
MB07 - Insetos da coleção entomológica do Museu Nacional de História Natural e da Ciência - Projeto de ciência cidadã para transcrição de dados e determinação taxonómica
Luis Filipe Lopes (Global Health and Tropical Medicine, IHMT/UNL; Centre for Ecology, Evolution and Environmental Changes - cE3c, FCUL), Leonor Venceslau (Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa) Luís da Costa (Marine and Environmental Sciences Centre -MARE, FCUL)
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No âmbito da plataforma de ciência cidadã Zooniverse, foi desenvolvido um projeto denominado “MB07 - The Insects of the Museu Nacional de História Natural e da Ciência” (projeto MB07) (https://www.zooniverse.org/projects/lfilipevsl/mb07-the-insects-of-the-museu-nacional-de-historia-natural-e-da-ciencia), com o objetivo de acelerar a catalogação e o estudo da coleção entomológica compilada por José Passos de Carvalho (JPC) e recentemente integrada na coleção entomológica do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MNHNC). A coleção JPC é composta por mais de 10 mil espécimes de insetos, sobretudo da Ordem Lepidoptera (borboletas e traças), contribuindo de forma significativa para o aumento do tamanho e da qualidade da coleção entomológica do MNHNC. De forma a cumprir os objetivos do Museu para a digitalização e disponibilização em acesso aberto dos dados, é necessário catalogar e digitalizar os espécimes e dados associados, com vista a os tornar públicos e acessíveis. No entanto, os dados associados aos espécimes só estão disponíveis nas etiquetas entomológicas associadas a cada espécime. Com o projeto MB07, pretende-se implementar um processo de digitalização fotográfica dos espécimes em conjunto com as suas etiquetas. As fotografias são apresentadas na plataforma para o envolvimento do publico com interesse em coleções científicas, e progredir no processo de digitalização de dados, através da transcrição de texto nas etiquetas. O projeto apresenta dois fluxos de trabalho distintos: i) no primeiro é solicitada a transcrição do texto nas etiquetas associadas a cada espécime ii) no segundo, é pedida a verificação, ou contribuição de nova informação taxonómica, acerca dos espécimes apresentados. Estes dois fluxos de trabalho apresentam diferentes desafios, sendo o primeiro, mais simples de transcrição de texto, dirigido a um público menos especializado, enquanto o segundo é dirigido a um público especializado com conhecimentos em taxonomia do grupo apresentado.
Natura +
Sofia da Silva Oliveira (CIIMAR - Centro de Investigação Marinha e Ambiental), Joana Pereira (Departamento de Biologia & CESAM - Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro), Paulo Santos (Faculdade de Ciências - Universidade do Porto & CIIMAR - Centro de Investigação Marinha e Ambiental), Ruth Pereira (Faculdade de Ciências - Universidade do Porto e GreenUPorto - Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável)
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A Rede Natura 2000 é o elemento central da estratégia da União Europeia para combater o problema da perda de diversidade biológica, que está a ocorrer a um ritmo muito acelerado. O projeto Natura + tem como missão divulgar a Rede Natura 2000 e a vida selvagem que os seus sítios albergam em Portugal. Para isso, este projeto aposta numa forte presença nas redes sociais e na disponibilização de atividades de ciência cidadã que permitem ao público em geral e às escolas explorar a Natureza na primeira pessoa. Estes suportes permitem também que a Natura +, com o apoio dos cidadãos, reúna informação científica útil para a monitorização e gestão dos sítios portugueses da Rede Natura 2000. No total, este projeto engloba 5 atividades de ciência cidadã distintas, são elas: (1) “007: Missão Desplastificar”, que se foca na caracterização e quantificação do lixo que se encontra nas margens dos rios_ (2) “Criaturas da noite”, que ambiciona monitorizar a diversidade e o sucesso reprodutivo dos morcegos nas suas colónias de Verão_ (3) “Este solo é de qualidade?”, em que são avaliados vários parâmetros físico, químicos e biológicos de um dado solo para determinar a sua qualidade ecológica_ (4) “No rasto das lontras”, que tem como objetivo recolher informação ecológica relevante através da procura de vestígios deste animal_ e (5) “O mundo secreto dos peixes”, em que serão realizadas e analisadas filmagens subaquáticas de peixes de água doce para estudar a riqueza específica e a abundância relativa destes organismos.
LIFE INVASAQUA. Espécies Não-indígenas Aquáticas Invasoras dos Ecossistemas de Água Doce e Estuarinos: Sensibilização e Prevenção na Península Ibérica
Laura González Munera (ASPEA - Associação Portuguesa de Educação Ambiental), Francisco José Oliva Paterna (Universidade de Murcia, Espanha)
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As sociedades portuguesas e espanholas têm uma compreensão muito limitada sobre as ameaças colocadas pelas Espécies Exóticas Invasoras (EEI) em ecossistemas aquáticos. Esta falta de conhecimento e consciência sobre os problemas das EEI dificulta qualquer política de gestão proposta pela administração pública e stakeholders, contribuindo para a falta de estratégia de gestão das EEI. Apresentamos o projeto LIFE de Governança e Informação Ambiental - LIFE INVASAQUA (LIFE17 GIE/ES/000515) – que vai decorrer entre 2018 e 2023 na Península Ibérica. O principal objetivo do INVASAQUA é aumentar a consciencialização do público e dos stakeholders ibéricos para os problemas das EEI nos ecossistemas aquáticos e desenvolver ferramentas que irão melhorar um quadro eficiente de Alerta Precoce e Resposta Rápida (Early Warning and Rapid Response – EWRR) para novas EEI em habitats de água doce e estuarinos. Sob uma abordagem cidadã, o INVASAQUA vai envolver o público e grupos de interesse relevantes em atividades de monitorização para apoiar os sistemas de Alerta Precoce e Resposta Rápida na Península Ibérica. É também um objetivo do projeto aumentar a sensibilização pública sobre as ameaças causadas pelas EEI aquáticas, gerando apoio público através de uma campanha de comunicação de massa, envolvendo o público em geral e os stakeholders relevantes em atividades de monitorização, com formação apropriada e materiais de informação. O projeto vai também criar uma aplicação (app) com uma lista de 50 espécies da Península Ibérica onde as pessoas poderão informar sobre as espécies que encontram. Para publicitar a aplicação, o projeto vai também organizar campanhas de sensibilização e de voluntariado para recolha de dados com diferentes públicos. Isto é um elemento essencial do projeto devido a seu potencial de aumentar a consciencialização pública a longo prazo e envolver as pessoas em problemas ambientais.
Censos de Borboletas de Portugal – Ciência Cidadã na construção de indicadores do estado de conservação da biodiversidade
Eva Monteiro (Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal)
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Censos de Borboletas de Portugal é um projeto lançado em 2019 que tem como objetivo a monitorização de borboletas diurnas em percursos fixos em todo o país. Portugal passa assim a integrar o Plano Europeu de Monitorização de Borboletas Diurnas (European Butterfly Monitoring Scheme, no original), que consiste na contagem regular de borboletas, realizada por voluntários treinados ao longo de vários anos e utilizando uma metodologia padronizada. Este processo de ciência cidadã, com milhares de contribuidores em toda a Europa e uma plataforma on-line para a introdução das observações, permite gerar um enorme volume de dados, detetar tendências sobre o estado de conservação das borboletas e dos seus habitats, e construir indicadores de biodiversidade para informar as políticas nacionais e europeias nesta matéria. Nesta comunicação, apresentam-se os resultados deste projeto com mais de 30 anos na Europa e faz-se um balanço do primeiro ano de implementação em Portugal: lançamento, angariação, formação e gestão de voluntários, assim como uma primeira análise dos resultados obtidos.
Gelavista: Ciência Cidadã para a monitorização de organismos gelatinosos em Portugal
Antonina dos Santos (IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera)
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O GelAvista é um programa de ciência cidadã que se destina a adquirir dados sobre os organismos gelatinosos que ocorrem em Portugal. O programa nasceu da necessidade de obter conhecimento sobre os organismos gelatinosos, especialmente os mais urticantes, tendo em conta teorias recentes que apontam para um aumento da sua ocorrência em contexto de alterações climáticas. O objetivo científico é o de obter informação sobre a diversidade e a dinâmica das suas populações, numa escala temporal e espacial alargadas, com vista à sua monitorização regular, e construir modelos preditivos da ocorrência de algumas espécies, como por exemplo a caravela-portuguesa. Ao mesmo tempo, o projeto também pretende contribuir para o aumento da literacia dos oceanos em geral e dos organismos gelatinosos em particular. Lançado em 2016, e inicialmente somente dedicado à recolha de informação na costa Portuguesa, desde 2018 que o GelAvista conta com apoios nas regiões da Madeira e dos Açores, e se encontra a receber informação de todo o mar português. Para participar no programa basta enviar para plancton@ipma.pt, através das redes sociais e da aplicação móvel GelAvista, informação sobre o avistamento, como a data, hora, local e número de organismos avistados. É importante que se envie também uma fotografia das referidas observações, para que se possam identificar as espécies. A foto deverá ter preferencialmente, um objeto de tamanho conhecido a servir de escala, para que seja possível saber o tamanho dos exemplares, como auxiliar para a caracterização da estrutura das populações. Aos observadores frequentes, solicita-se que enviem também informação sobre a ausência de gelatinosos e por vezes, a recolha de uma amostra para a sua identificação molecular. Todos os dados recebidos são compilados com atribuição de um grau de confiança.
Lixo Zero no Mar dos Açores – Limpezas costeiras
Maria Joana Cruz (Observatório do Mar dos Açores), Sofia Matos Garcia (Observatório do Mar dos Açores)
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Nos Açores, todos os anos, são organizadas dezenas de campanhas de limpeza das zonas costeiras ou subaquáticas. Estas limpezas são organizadas há mais de 10 anos por ONGAs e outras organizações da sociedade civil, grupos de cidadãos e entidades públicas, governamentais ou autárquicas. São, na sua maioria, espontâneas, não periódicas, com o objetivo de limpar locais de fácil acesso, de utilização intensa, ou escolhidos por acumularem lixo, sendo muitas vezes organizadas em datas nas quais se assinala alguma efeméride ligada ao ambiente ou ao mar. De referir também que no âmbito da campanha regional Entre-Mares iniciou-se em 2017 a iniciativa Ação de Limpeza da Orla Costeira dos Açores, que apela a todos para organizarem limpezas costeiras. Iniciativa incluída no programa do European Maritime Day. Na sequência da constatação de que estas campanhas, se monitorizadas, poderão fornecer um manancial de dados com utilidade científica, em 2016 a DRAM e o OMA criam este projeto de ciência cidadã, integrando-o no PALMA – Plano de Ação para o Lixo Marinho nos Açores - com o objetivo de reunir esta informação de grande utilidade. contribuindo para a implementação da Diretiva-Quadro “Estratégia Marinha” (DQEM) nas águas marinhas dos Açores, nomeadamente com informação útil que permita determinar tendências relativamente ao lixo marinho costeiro, tal como definido nos critérios do Descritor 10 – Lixo Marinho, daquela diretiva comunitária. O OMA fruto da sua vasta experiência na organização de limpezas costeiras e subaquáticas, apoiou na preparação das Fichas de recolha de dados e Guiões para organização de limpezas, na formação de voluntários, funcionários dos Parques Naturais e técnicos de ambiente, em todas as ilhas em 2015, e recolhe dados em todas as limpezas que organiza ou participa. No total foram realizadas 159 limpezas costeiras e 13 subaquáticas, envolvendo 172 voluntários e recolhendo 4212 kilos de lixo marinho.
Brigadas Científicas SOS Cagarro
Carla Dâmaso (Observatório do Mar dos Açores), Maria Magalhães (Observatório do Mar dos Açores)
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Os juvenis de Cagarro, Calonectris borealis, uma ave marinha emblemática dos Açores, onde nidifica cerca de 80% da população mundial, correm sérios riscos ao saírem do ninho para o seu primeiro voo, uma vez que podem ser encandeados pelas luzes artificiais e cair em estradas ou noutros locais onde ficam vulneráveis a atropelamentos e a predação. A campanha SOS Cagarro, que decorre nos Açores desde 1995, visa essencialmente alertar a população açoriana para a necessidade de preservação desta espécie protegida, envolvendo as populações e diversas entidades no salvamento destes juvenis. A campanha SOS Cagarro é promovida anualmente pelo Governo dos Açores, através da Direção Regional dos Assuntos do Mar, com o apoio da Direção Regional do Ambiente, tendo como parceiros os Parques Naturais de Ilha, a Azorina S.A e várias entidades públicas e privadas. Na edição de 2016 da Campanha SOS Cagarro inicia-se um programa de brigadas dedicadas, que pretende não só resgatar cagarros juvenis através dos tradicionais salvamentos, mas também recolher informação mais precisa e útil para suportar cientificamente medidas de conservação da espécie. Estas brigadas “científicas” são organizadas por investigadores ou conservacionistas, ligados a ONGs, ou outras entidades. Desde a sua génese o Observatório do Mar dos Açores (OMA) organiza, entre 25 de outubro e 7 de novembro, o período crítico da queda destas aves, estas brigadas, realizando também, na ilha do Faial, o apoio às anilhagens e largadas, levando os participantes nas brigadas a participarem em todo o processo e dinamizando, juntamente com os parceiros, uma tertúlia no início e no fim destas. Tendo esta iniciativa envolvido nos últimos três anos mais de 300 voluntários e sido responsável pelo resgate de 161 aves, na ilha do Faial e 460 nas restantes ilhas.
MosquitoWeb – Uma plataforma de ciência cidadã para vigilância entomológica
Luis Filipe Lopes (Global Health and Tropical Medicine, IHMT/UNL; Centre for Ecology, Evolution and Environmental Changes - cE3c, FCUL), Teresa Novo (Global Health and Tropical Medicine, IHMT/UNL), Ana Tavares (Global Health and Tropical Medicine, IHMT/UNL), Carla Sousa (Global Health and Tropical Medicine, IHMT/UNL)
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Várias espécies de mosquitos invasoras encontram-se atualmente em fase de dispersão geográfica. Entre elas, Aedes aegypti e Aedes albopictus são as que suscitam maior preocupação visto que são transmissoras de agentes patogénicos (vetores), nomeadamente os vírus da dengue, febre amarela, Zika e chikungunya. Aedes aegypti, presente em território continental até 1952, estabeleceu-se na Madeira em 2005, e sete anos após foi o vetor responsável pelo surto de dengue ocorrido nesta ilha. Aedes albopictus, atualmente disperso por toda a costa mediterrânica espanhola foi detetado pela primeira vez em Portugal continental em 2017. A vigilância entomológica permite a deteção destas espécies vetoras em novas regiões e a sua erradicação é passível de acontecer quando precocemente detetadas. No âmbito desta vigilância, o envolvimento dos cidadãos constitui uma ferramenta de valor insubstituível. Por outro lado, as atuais alterações demográficas, climáticas e de uso do solo poderão conduzir a alterações de distribuição e/ou comportamento das populações das espécies de mosquitos autóctones, com possíveis consequências epidemiológicas em patologias como a febre do Nilo ocidental e a dirofilariose. Também estas eventuais alterações necessitam de vigilância. Nesse sentido, foi lançado em 2015 no Global Health and Tropical Medicine-Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (GHTM-IHMT) o projecto MosquitoWeb (www.mosquitoweb.pt). O MosquitoWeb é uma plataforma que convida os cidadãos a participar com a captura e envio de mosquitos para o IHMT ou, em alternativa, através do envio de fotografias dos exemplares. Os achados _recebidos (exemplares ou fotografias) são analisados para identificação da espécie, sendo a informação depois transmitida ao cidadão e reportados no mapa do site. Deste modo, pretende-se com este projeto obter informação complementar relativa às espécies de mosquitos com importância médica e veterinária em território nacional, através da participação voluntária da população, e contribuir para a divulgação de conhecimento nesta área científica.
Gripenet
Ricardo Mexia (INSA - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge)
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A ideia de monitorizar a epidemia sazonal de gripe, utilizando a Internet e com base na participação voluntária dos cidadãos, nasceu na Holanda, em 2003. Tornou-se rapidamente num caso de sucesso de comunicação de ciência e de promoção da saúde, tendo sido encetada uma colaboração internacional que veio dar lugar, em 2005, ao Gripenet português. Foi na altura desenvolvido por investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência e desde 2015 é suportado pelo INSA- Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. O Gripenet integra o Influenzanet - um consórcio europeu de monitorização da gripe através da Internet. Esta plataforma de ciência cidadã é uma ferramenta de vigilância participativa, acompanhando a actividade de síndrome gripal, de Outubro a Maio. A plataforma assenta em questionários on-line, em que qualquer cidadão residente em Portugal pode contribuir para a monitorização da epidemia sazonal. Após o registo no no site, os participantes recebem semanalmente uma newsletter com notícias sobre a gripe e são convidados a preencher, em alguns segundos, um pequeno questionário sobre os sintomas gripais (ou ausência deles) durante a semana anterior. A recolha destes dados tem por objectivo monitorizar, em tempo real, a evolução da epidemia na comunidade, contribuindo de forma complementar para os outros sistemas de vigilância da gripe mantidos pelo INSA. Devido às suas características, o sistema Gripenet possibilita uma detecção precoce de eventuais desvios no padrão epidemiológico do ponto de vista comunitário, com uma assinalável economia de recursos. O Gripenet é uma ferramenta que pode dar um contributo importante para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, na medida em que a ciência cidadã e a vigilância participativa em particular podem contribuir para uma transferência e democratização do acesso ao conhecimento, reforçando simultaneamente a capacidade de resposta dos sistemas de saúde e da cooperação internacional.
Salão Nobre
16h10-16h40 | Apresentação dos Resultados do Encontro
16h40-17h00 | Sessão de encerramento
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